Dreams are made of sand and sun

Trilha sonora: Inside Out – Avalanche City. 
Sabe quando você acorda com o dia sorrindo pra ti? Olhei pela janela e sorri de volta. Sem promessas. Mas um sentimento tão bom que me fez desligar o alarme, virar pro outro lado e abraçar o travesseiro rindo. Hoje eu que faço meus horários. Levantei. Tomei meu banho. Sai com cabelo molhado do jeito que gosto. Que sensação boa. Eu não sei explicar o que acontece. Queria muito palavras pra descrever. Eu que sempre transbordo letras, não consigo uni-las pra transmitir isso de volta. Mas é como se o dia brilhasse por você e você reconhece. Agradece. E sente na pele o sabor do agora. É dia. É hora. Só ora. Hoje é um bom dia. Será porque eu quero que seja e farei ser. Hoje quero mais do menos. Menos complicações, menos explicações. Menos complexidade. Quero o mais. Mais amor. Sem favor. Mais simplicidade. Mais cores primárias. E mistura. Quero verde, azul e bege. Quero o laranja do sol. E se põe. E levanta. Tomei um café da manhã delicioso com direito a donut de nutella. Estou pronta pra começar com o pé direito, esquerdo, os dois juntos e pula. Gira. Vai e volta. À caminho, fui lendo. Li as esquinas, as linhas desse horizonte cheio de prédios altos e modernos. As lanes e seus grafites. Os monumentos que misturam história e agora. A sensação estranha de se identificar em cada texto, nas entrelinhas, as minhas linhas perdidas se encontravam. Amor à primeira vista. A verdade é que em muito o que já foi bonito no passado, pode ficar ainda mais bonito amanhã. Porque há tempo. Há conhecimento. Há encontros e desencontros. E a gente muda. De lugar, de vida, de ideia, intensidade, corte de cabelo e cidade. E descobre o que rima. O que combina. Então espera pelo match, encaixando as peças ao seguir a trilha. 
Cheguei na escola. Dia do cupcake em uma campanha solidária. Meu estômago quis ajudar. Que delícia o cupcake e isso de sentir-se útil pra alguém. Mais chocolates graças ao amigo Welcome que me prometeu um bom dia e companhia. E assim será. Inshallah. Amém. E fomos de lá pra cá. O dia brilhava dando uma leve pista de como será o verão por aqui. Fomos atrás de um presente pra nossa grande amiga Récife. Já disse que sou péssima em comprar presente? Ainda mais quando é pra alguém importante para nós. A gente nunca acha que é suficiente. O fato é que já sou meio perdida nesse assunto e bem, ele também é. Ahhahaha. Rodamos a city. Paramos pra comer no Macca’s. Voltamos decididos. Pensar com barriga cheia é bem mais fácil, né? Hahahaha. Mas o dia estava lindo demais pra ficar na cidade. E acordei com vontade de cores e sonhos. Daqueles feitos de onda, brisa leve, areia e sol. Pegamos o 96 sentido St. Kilda. “Hoje é seu dia! Se você está feliz, eu estou feliz”, meu amigo me dizia. Até porque day off foi feito pra gente aproveitar. E dias como esse não merecem ser desperdiçados. 
Ligação nostálgica da amiga que se preocupa, a mensagem do amigo que faz falta e também sente lá do outro lado do mundo, o dia conspirando a favor, a companhia que te faz rir pro nada sem esforço. Se você está feliz, eu estou feliz e se você está feliz por eu estar feliz, fico feliz por isso também e que o ciclo só aumente e não pare. Rir daqui até o Pará e fazer paradas pelo mundo, vai e volta.  
Passamos no Lunapark, andamos na areia. Tiramos fotos. Conversa vai e vem. 
A energia. Ele lá de cima me olha. Eu sinto. E agradeço por esses momentos. É meu tempo. E sinto até de olhos fechados, eu vejo! Respiro. Recupero. Damos a volta por cima. E seguimos nosso caminho. A gente que trilha, bate e abre a porta. Acena. Celebra. Sorri. Eu vi! Vem de lá. É a vida que coloco em tudo que vejo, sinto e toco. Inspira. Me pira. Me vira do avesso. De dentro pra fora e vice versa. Transborda. Inunda. É estado de espírito. Religião. Mais que sentimento. Mais que sentir. Flutua. Eleva. To alta. Sem pouso marcado. 
“Tudo bem se a gente voltar agora? Vamos pra casa e depois encontrar nossa amiga, 6pm temos que estar no restaurante! Hoje você vai comer comida árabe!” Uhuuuu! Combinado! 
Fui pra casa. Deixei a mochila da escola. Fui pra Southern Cross. “Liga pra ela, já já estou a caminho, encontro vocês no último vagão do próximo tram”. Encontrei minha amiga na Spencer. Ela me contando a sensação de alívio e aperto contraditoriamente sobre voltar pro Brasil. O sentir falta de ambos lados. As pessoas que conhecemos, quando veremos de novo? Isso assusta! Como a vida une e separa desse jeito? Sem mais nem menos! Sem promessas, só esperanças e aquele tchau doído. Eu tenho um medo muito grande de voltar e sentir que nunca aconteceu. E ainda que retorne, será tudo diferente. Porque está tudo tão mágico, como se fosse um filme bem escrito. Daqueles que se contar certas histórias ninguém acredita. Eu escrevo pra registrar, fotografo pra me lembrar. Mas eu mesmo quando voltar, ficarei. Por cada passo que dei. Ainda continuo lendo os cantos e me identificando, rabisco umas letras e canto. 
Aquele tipo de medo que surge quando você experimenta algo muito bom e teme em ser passageiro, isso me lembra um texto de Fred Elboni “há medos meus que surgem quando sinto minhas maiores alegrias, talvez receio de tudo ser momentâneo demais para eu me abrir por inteiro. Ah, se tu pudesses ver meu interior… Penso em tantas coisas, nem sei se elas fazem tanto sentido. Talvez eu devesse pensar um pouco menos, e me deixar sentir um pouco mais”. E tenho dito! Essa arte de desapego é uma lição que ainda não conclui. Eu abraço e não quero mais largar. 
Chegamos no stop, pegamos o tram sentido Docklands e encontramos o Welcome. As risadas. Aquele assunto de gente que liga. Ele me disse que no país dele a galera não tem esse costume de mandar mensagem. “Se queremos falar um com outro, ligamos. É tão bom ouvir a voz”. Aqui a galera não usa muito WhatsApp, é SMS, Facebook e vozes. 
O sol já saindo com destino a brilhar meu Brasil. Chegamos no restaurante Almina. Ótimo por sinal. Que comida deliciosa. Ganhei três quilos ali. Mas espera. Que música é essa? “Happy Birthday”? “Báda, a gente não vai estar aqui pra comemorar teu aniversário contigo, mas nem por isso vamos deixar de comemorar!”. Enquanto ele, que sempre faz piada, falava com feição um pouco mais séria, o garçom vinha com um bolo cheio de velas. E meus olhos transbordaram também. Não acreditei. Meu aniversário chegou mais cedo esse ano. Abraços. Gratidão. Amizade. Entendi porque ele ficou dizendo que hoje seria meu dia. Hahahaha. No bolo uma plaquinha: “Happy Birthday, Badá!” hahahahaha 
Comida gostosa, mais surpresa com direito a música de parabéns no restaurante. Que surpresa boa. Vinda de gente que me encanta e faz minha feição carregar risos sempre. 
Saímos do restaurante. Tudo escuro. Ainda cedo. As luzes de Docklands iluminando o porto. Que dia! Enquanto andávamos. Mais surpresas. Ele abraçou minha amiga e mais discursos, mais choro! Entregou o presente pra ela. Mas o presente mesmo veio nesses meses que passamos juntos. A noite fica pra memória pra lembrar da amizade que construímos nesse tempo. “You gave me more, gave me time”. 
Sentamos ali por perto. Ficamos olhando a noite caindo. E as luzes sendo suficientes conosco. Ele abriu a bolsa e disse “ainda não acabou!”, e tirou um presente pra mim! “Tu é Papai Noel?”.  Ele reparou uma vez que comentei de uma loja e me deu uma bolsa linda que eu tinha adorado. “Sua cara!” Hahaha. “Minhas irmãs”, meu irmão mais velho <3. A gente se abraçou e agradeceu. Sorte? Acaso? Destino? Não sei! Mas eu senti e ainda sinto. Como li por aí “gratidão é uma carta de amor que você envia pro universo!” Envio! Amo! E me rendo! O que tiver que ser, será! E vou sendo! Gratidão! 

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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