Trilha sonora: Something Good – Alt J.
Acordei pedindo por um bom dia. Meio tensa mas ainda determinada em fazer o possível pra conquistar a meta. Cheguei no trabalho, o tempo lá até passou rapidinho. Voltei pra casa cheia de tortas e animada que o dia só estaria começando. Desce uma dosagem de risadas, boas companhias, luzes, dança e momentos. Amém. Amem! Enxerguei uma placa que dizia “I see love” e ao olhar ao meu redor tudo ganhou forma.
Gosto de conexões. Essas pontes que nos liga uns aos outros. Essa ligação que temos com o que encontramos, enxergamos e se a curiosidade for tanta, a gente toca, mas mesmo sem isso. A gente sente. Achei a palavra que eu procurava em inglês fulfilled. Fully alive.
Precisamos dessa coisa boa. Desse alguma coisa que nos preenche. Enche. Transborda. Feche os olhos. Porque se você não fechar, não verá nada! Veja bem! A gente precisa dessa conexão! Chegue pra cá, conecte.
Em casa as paredes não permitiam essa ligação. Eu precisaria sair. Respirar ar livre. Cheguei na Federation Square de olhos abertos. Bem-vinda a Solstice Celebration, festa de comemoração da noite mais longa do ano. O inverno chegando e sendo recebido com muita luz e cor para quebrar o gelo dos dias cinzas. Eu juro que estava 5 graus ali, ainda mais em um espaço todo aberto cheia de luzes por todos os cantos, galera pintada de luzes fluorescentes, artistas parecendo árvore de natal com as luzinhas de pisca pisca. Um boneco que me lembrou os carnavais de Recife. Umas bandas com um som tão bom que nem as crianças ficavam paradas. Tava lindo! Cada uma de um lugar do mundo. Tudo junto e misturado. Brilha. Os asiáticos surgiram ali e começaram a entregar um cubinhos e anéis de luz que ficavam trocando de cor! As lanternas cobriram o lugar. Quanto mais a noite chegava, mais claro tudo ficava. E colorido. De um lado uma banda, acredito que africana, cantando e mostrando o gingado, uma fogueira que dava ainda mais um clima de “junte-se a nós”. Do outro, um grupo de dança jamaicana deixava todo mundo vidrado. Depois uma banda mexicana tirou todo mundo do chão. Ai ai ai ai aaaaaai! Hahahahaha. Eita, olha pra lá! Tem uma galera jogando ping pong no meio de luzes neon. Wow, tem uma turma ali tocando trombone e tudo mais! Caraca, docinho turco, chá e chocolate quente mexicano free Hahahahah. Por todos os cantos um aquecedor pra diminuir o efeito do frio. Não precisava de tanto. Entra pra dança que esquenta. Outra banda com galera vestida de Elvis, a cantora de Frida Kahlo, a baterista de David Bowie, colocaram a galera pra dançar. Atrás de mim, um cara se soltou! Diferente da maioria aqui, já reparei que o povo dança mesmo sem saber como e sem vergonha de ser feliz Hahahahahah, mas esse dançava muito bem! Ele começou sozinho e os amigos entraram na onda. Dançaram contemporâneo. Deixaram todo mundo boquiaberta. E não é pra pouco! Quando foi ver, uma rodinha tava formada cercando aquela turma que brincava de dançar. Outros entraram na brincadeira. Quem chegar por último é a mulher do sapo! Duas meninas vestidas com um macacão de pijama se uniram ali também. O show tava feito. A conexão também. Um interagindo com o outro e eu passei a enxergar arte ali.
Na plaquinha que falava sobre o evento, uma frase me intrigou: “We come from Light & Return to Light”.
Me fez sentir algo bom… Luzes… Tanta coisa vem à cabeça. Os olhos só acompanham, admirados e observadores. Não quero perder um detalhe disso! Tanta coisa diferente ali. Tanta coisa que eu não esperava ver. Tanta espontaneidade e semáforos vermelhos virando verdes!
Junto com os amigos fui parar em um barzinho chamado Section 8. Ficamos ali por um momento discutindo sobre esse aglomerado de culturas que faz essa cidade iluminada. Saindo de lá, me esbarrei em um cara que virou e disse “olha isso, ela é boa!” e apontou para uma garota sentada e na sua mesinha uma placa dizia “I will write you a poem on any topic you choose. Come and say hi!” HI! Me aproximei, “dance”! Pediu para que eu aguardasse um pouco que faria meu poema. Eu ali parada, junto com tantos outros querendo ver arte nascer. Olhares curiosos e ansiosos. O ar vintage. A máquina de escrever. A poesia tomou conta da cidade inteira. Tá escrito em mim.
Quando saiu, meu sorriso chegou! Que poema lindo! Voltei pra casa ainda mais animada! Não consegui dormir de tanta energia boa que me dominou. A ponto de cantar pra quem a gente ama. Sair dançando pela casa. Deitar a cabeça no travesseiro e ainda enxergar luzes. Fui dormir agradecendo. Amém. Amem.
Quanto a mim, talvez você me ache andando por aí indo atrás desse algo bom, da luz, dessa conexão com o que nos cerca, preenche e transborda… A gente se vê! 🙂














