Momento Ou Momentâneo

Trilha sonora: Dumb – Jamie McDell. 

Preguiça soa algo ruim, né? Mas essa aqui é diferente. Ela vem com aquela leveza e respirar calmo. Um ritmo gostoso que faz trilhar. E a gente anda conforme a batida. Tornando externo o que estava guardado. As preocupações se ofuscam. Os desejos aumentam, primeiro plano. Vai de A a Z. Superfície. Antes rasa. Agora mergulha. As dúvidas que incomodavam começam a ficar aconchegadas e fazem parte de mim. Engloba. Inclui. Faz parte. Ame-as ou deixe-as. Agarrei! Corri pro abraço. Minha preguiça é outra. Daquela que não tem paciência pra discutir coisas pequenas, não acha válido perder tempo com coisas que dão sono. Quero sonho. Quero valsa. Quero acordes. Fazer alardes. Te acordo aos beijos. Pego meu violão. E partimos pra pegar ondas. Entra na minha? Comprar uma kombi e personalizá-la, colocar uma música folk, indie, deixo escolher! A gente se estica e se esparrama. Põe o pé na estrada. Direito e esquerdo. Todas direções. Rosa dos ventos nos leva. Chegar a voar pelos sete! Pinte um, sete vezes! Atravessa a rua e a ponte. Olhe só esse horizonte. Essa mania de ver algo bom e fechar os olhos pra aumentar o sentir. E respira fundo pra eternizar. É estado de espírito. Sentir a vida com os seus sentidos. São seis? Todos eles. Consigo tocar o riso. Sou mar deles. A onda chega nos meus pés. Quer brincar. Eu, criança, não sei dizer não. Mergulho de cabeça no que vem do sentir. Engraçado como a gente fala que é de coração. Tá forte, mas tão forte, só ele não aguenta. É de corpo e alma. 

Acordei com um pouco de dor de cabeça… Olhei o relógio, já tarde! Entro pra segunda aula, pensei. Mas algo me disse “avise teus amigos”. Sempre escuto essa voz e respondo. Recado dado. “HOJE É TESTE PRA PROVA”. Boa, Amanda! Hahahah. “Relaxa, fica em casa e descansa!”, recado do professor. Outra voz que respondo. Se for para o bem de todos, eu fico! Hahahaha. Virei com preguiça pro outro lado. Abracei meu travesseiro. “É hoje que durmo um pouco mais!”. Sem alarmes, levantei na minha hora, no meu ritmo. Tomei meu banho. Cabelo molhado. Arrumei meu quarto. Ajeitei a casa. E ainda está cedo. Olho pra fora, promessa de um dia leve. Levei. Me arrumei, compromisso 1:30 pm. Fui parar na Lonsdale. Entrevista feita. Agora esquece e deixa chegar. Portas abertas pra qualquer um entrar. Só venha com boas intenções. Também responderei. Pode entrar!

Celular toca. Meu parceiro de Speaking Part da prova. “Tá bem? O que aconteceu? Precisa de médico? Se cuida! Se precisar de algo, me avisa!”. A preocupação em forma de amizade. Vem e cura! 
Continuei a trilhar. Dor de cabeça foi passear, pra ela fechei a porta, deu preguiça. Mas bateu nela a fome, não tinha almoçado nada ainda. Liguei pra companhia. Logo estava no Hungry Jack’s com o Welcome e a tailandesa. Conversa vai e vem, fomos juntos pelo Parliament e Fitzroy Park. Vejo flores. Todos os lados. Verde. Rosa. Azul. Amarelo. Inverno não é só cinza. Sou verão em todas estações. E vejo. Saíram correndo. Playground à vista. Não se nega um balanço nem quando a idade pesa nas costas. E vai longe, vai alto. Fecha os olhos e sente o vento bagunçar os cabelos. Um balança o outro. A gente dança. E ri junto. 

A companhia me seguiu até Southbank. O abraço apertado. O carinho em estar do lado. Amizade em palavras e gestos. Escrevo. Maktub. Segui. Passei em casa. Me arrumei. Hoje é dia de festa, baby! Primeira parada, casa dos vizinhos! A felicidade tá na vizinhança e visita com frequência. Mais música pra entrar no ritmo. Mais gente em casa. Nova Zelândia, daleeee Brasil, México, França, Bélgica, Colômbia e Canadá, todos a caminho da Billboard na Russel St. 
Conversa de lá pra cá, escuto “Cada língua tem seu ritmo”, e respondo “a gente dança todos”. Nos ritmos de risos, música, andar, olhar, bagunçar. É festa! 

Um que se solta, outro celebra, os que dançam, os que se levantam e puxam o “cheers” coletivo. Os que esquecem os limites e caem do palco, se fingem de morto, fazendo todo mundo preocupado. Levanta e volta a dançar como se nada tivesse acontecido, está alto. Beber, cair e levantar, né migo? Hahahahah. Tinha que ser Brasil. 

Meus pés falaram alto. Hora de ir. Sai de lá. Sozinha. Eram umas 3 e pouco da manhã. Tudo escuro. Mas ainda leve. Senti a liberdade falar comigo. 
Passei no 7 Eleven, comprei um muffin, rindo sozinha lembrando do amigo caindo e das cenas de hoje. Como é boa essa sensação. Sem satisfação. Sem explicação. É só sim. Pra mim. Deu vontade. A gente cria coragem. E vai. Na ponta dos pés. Ou correndo mesmo. Faz barulho se precisar. Mas segue. O ritmo. Que bate aqui dentro. E pulsa. Hoje me disseram “pense menos e viva mais o momento! Tu pensa demais!” E provoca. “Você entenderá!”. Será? Eu sou tão nova. Mas me sinto uma quarentona cheia de vida e experiência ao pensar. E uma criança cheia de sonhos bobos ao imaginar. E mistura. Deu fome, passei no Macca’s. Sentei sozinha. Eu e eu mesma. Quatro da manhã. Dia seguinte tem aula. Mas agora me faço companhia. E me sinto. Eu mesma. Essa preguiça me faz viver, eu sei como e consome. “Somos tão jovens”, dizia Renato Russo. “Forever young”, retrucaram cantando. E to cantando por todo canto que passo. Se escutar, me acompanha. 

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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