Merci

Trilha sonora: Rise – Edie Vedder. 

Então você acorda. Depois de um dia que você deletaria. Pego meu celular “rezei por você”, o sorriso se abre. O dia também. O sol querendo dar as caras, dei a minha a tapa. O vento vem com força. Bom pra levar tudo que não nos faz bem. Deixa o vento varrer. Fazer aquela bagunça enquanto bagunça também seus cabelos. Seus amigos lhe cercam e dão um abraço apertado. As palavras amigas. A atenção ao ouvir. A torcida organizada. O conforto de se sentir em casa sem em casa estar, mas pela presença de alguém. Aquele alguém que faz algo e sem perceber mudou seu dia. O chocolate. O oi rápido. O “vem cá que preciso te dar uma coisa”, a visita ligeira e a demorada. Os “seja bem vinda”, mais amigos! Gente que quer bem o bem do próximo. Bem querer. Os que ligam pra saber como você está, se precisa de algo. Como eu amo gente que ainda liga! Essas pequenas coisas que nos fazem sentir importantes e queridos. Minha energia vai se recarregando assim. Muito amor por cada um deles. Sem, não tem graça. Uma pessoa que amo muito me disse: “felicidade só é real quando compartilhada”. Abre os olhos. É sonho de novo. 

Eu me apego muito fácil às pessoas, assumo! E uma das minhas maiores lições dessa experiência de morar fora está sendo a hora de dar tchau. A pessoa chega, se aconchega, fornece um espaço confortável de amizade, a gente se aproxima, troca risadas e histórias, e a hora do trem deles chega. As malas são feitas. E a gente sem saber quando nos veremos de novo. Espero que haja reencontro. Espero que seja em breve. Espero também que toda a felicidade do mundo os cerquem. Agradeço. Pela felicidade compartilhada. Hoje foi a despedida do casal de Nova Caledônia que mora comigo. Ela, uma fofa, me deixou com vários presentinhos, livros, comida, e lembranças. Sem contar da fome de conhecer mais lugares no mundo, de viver mais experiências ao redor da esfera azul, inclusive a de tentar uma realidade bem diferente. Mas não desistir nunca, por mais difícil que seja. Tentar até o fim. E criar um novo, caso o The End não tenha agradado tanto. Ele também, ensinou o companheirismo, o ser sendo e levando a vida numa paz só dele. Eu e meu primo trouxemos um bolinho, ela trouxe vinho francês e fez comida típica pra gente provar. Uma noite sobre Brasil a Nova Caledônia com uma parada especial na França e seus temperos. A cultura e diferenças na África. Os sotaques daqui à China. A economia e educação que se assemelham e diferem entre os rabiscos e pontinhos minúsculos do mapa. Viaja. Mais uma volta. A distância e seus fusos. O Skype e os outros meios de comunicação que permitem esquecer a distância por segundos. Conheci a amiga dela que já estava ansiosa pelo retorno de quem saiu de casa a quase um ano sem data de volta. As delícias de cada país e o conforto de casa com sua própria comida que mesmo achando em outro canto do Globo, nunca é igual a de casa. E a difícil escolha de quem é apegado a família e amigos e também ao por o pé na estrada. Gostar de sair por aí a viajar e querer ficar perto ao mesmo tempo. O preço é caro. Não são só as passagens. As escolhas… O abrir mão. Querendo levar tudo na bagagem. O ficar e querer voar e vice versa. Mais uma dose. Cheers. Sentirei saudades. Isso fica. Mas depois de tanta propaganda da Nova Caledônia e França, devo dizer que nos veremos em breve. Já gostava da língua francesa, agora esses sotaques me fascinam ainda mais. Obrigada pela amizade e por me mostrar o mundo de outro ângulo do Globo. Com essa lente de gente vivida e viajada. É sempre difícil voltar pra casa. Mas sabe? Aprendi que sempre vai ter gente ali pra compartilhar com você. Te mostrar que se importam, que é especial, sedentos por suas histórias colecionadas em cada parada em hostel, cada lugar novo conhecido, a nova realidade experimentada, cada desconhecido que perdeu o sufixo ou cada nova amizade feita no meio do caminho. Eu não sei você, mas eu vivo de histórias. As que escrevo e as que respiro. As inventadas e as compartilhadas no meu agora. 

Sabe de uma coisa? Ainda bem que não dá pra deletar dias como o de ontem. Eles também são importantes pra nos mostrar o quão fortes somos e quem está com a gente a qualquer preço. Os abraços apertados e amigos que mesmo de longe carregam nossa bateria. A energia volta. A paz se acalma. O coração se aconchega. Se faz feliz. Abre o sorriso. Tá em casa. Ainda que indo pra longe. O legado e as memórias estão aqui. As lembranças. Tudo bem guardadinho. E a felicidade, ainda que sonhada, é real. Foi compartilhada, junto da gargalhada. Saúde! Merci! Au revoir! 🙂


Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais Cartas