Metades Inteiras

Trilha sonora: Beneath Your Beautiful – Labrinth feat. Emeli Sandé. 

Normalmente eu acordo antes do despertador, mas hoje nem sinal dele. Olho pro relógio. Corre. E eu corria escovando os dentes enquanto vestia a primeira roupa que vi no armário, eu parei pra pensar. Qual foram minhas últimas vezes. Me refiro ao fim de um ciclo. Não é como se despedir de alguém. 
O tempo tá passando tão rápido. Ontem mesmo eu estava planejando e sonhando em morar aqui. Já estou aqui há três meses. E continua. Já é Julho. Chegamos na metade do caminho. Meio copo cheio ou vazio? Calma ai! Uh, pronto. Cheguei na escola. Já vejo carinhas conhecidas. Não mais apenas fachada, a gente está em casa, cumprimenta o anfitrião, senta no sofá e se aconchega. Tem casa que parece pequena por fora, com cores pastéis e sérias, no fim, ali dentro é tudo decorado e colorido. O tapetinho na porta esbanjava um “Seja Bem-Vindo!” tão convidativo que depois que entrei, não vi a hora passar de novo. Quem correu foi ela. Fez um arrastão e me colocou de volta em casa e transformou tudo isso em memória. Na sala de aula mais risadas. 

ATENÇÃO: se não for maior de 18 anos pare de ler, a não ser que seja colombiano! Hahahahaha. 
É galerinha… Tem palavras por aí em outras línguas que se faladas no Brasil iriam gerar confusão ou no mínimo muita risada. Isso foi o que aconteceu quando escutei um amigo colombiano comentando como ama rola. CALMA! Piora! Os olhares brasileiros logo se voltaram pra ele. AMIGO, QUE VOCÊ DISSE???? E ele repetiu, disse que quer se casar com uma. WAIT! Tão molestando. OI????? Bom, não preciso nem dizer o nome do transporte que a galera começou a questionar que a tal “””rola””” usa, né? Bem, digamos que o diminutivo de ônibus pra eles carrega o sufixo eta! Chega! Hahahaha. A tão amada do menino é a nomenclatura dada para as meninas que nascem em Bogotá! Molestar é brincar. É engraçada a quantidade de palavras com ao menos a mesma pronúncia e sentidos tão diferentes. O jeito é prestar atenção e tomar cuidado pra não comentar uma gafe. Hahahahaha. Igual por**, meu amigo indiano disse que é a mesma pronúncia de um prato típico do país dele. Hahaha. E de novo a gente brinca de ponto de vista e interpretação com as primeiras impressões. O choque. O estranhamento. A explicação. A risada. A compreensão. E as piadas que geram ainda mais risadas. 

Aqui às 5 pm já está escuro. As noites longas de inverno. 
E meu dia ainda que corrido, foi delightful, mais nova palavrinha do vocabulário que adotei pra vida. Hahahaha. Um dia com docinhos, gargalhadas, amigos, mil coisas pra fazer, mensagens e ligações que nos fazem sentir importantes, aquela música que alguém te manda, ou aquele “ei, só vou se você for também”, os planos em conjunto. O dia calmo de trabalho. O chegar em casa sem pressa, sem hora, fazer comida (saudade de chegar em casa e ter comidinha da mamis, a minha não é tão boa, SOS hahahaha). 

Dai tu deita a cabeça no travesseiro e faz uma retrospectiva de tudo o que aconteceu. Tenta lembrar das últimas vezes que fez algo. E para pra lembrar como foram as primeiras. Já é Julho. O tempo grita e corre. E você pede arrego. Quer deitar na rede e esquecer tudo mais. A imaginação aflora ainda mais no cansaço. Mas um sorriso lhe estampa no rosto. Esqueça as últimas, sempre se tratam de primeiras. Assim como os copos cheios. É o jeito de ver. Tire os óculos. Enxergue de olhos fechados. É o ciclo. Entre primeiras, segundas e terceiras impressões. Aquelas que ofuscam e limpam nossas lentes. O pensamento longe. Volta. Agradece. Já é boa noite. Bom dia!

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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