Semáforo abriu!

Trilha sonora: Gone – Ziggy Alberts

Ah. Saco. Já foi. Semáforo fechou. Nem tava vindo tanto carro. Dava pra ter atravessado. Me sinto boba sempre que isso acontecesse. Dava tempo. Mas foi tanto receio. Tanta cautela. Não to falando apenas de semáforos. To falando de chegar ao outro lado. É que sei lá. 
É medo. Receio. Zelo. Demais. Que perde o momento. E a deixa. E cai e só sobram as queixas. E sem graça fica mexendo nas próprias madeixas. E se distrai. Aos poucos. Do que eu falava mesmo? Ah sei, mas quer saber? Deixa. 
E de um eixo ao outro, liga os pontos. Paralelo. Mas impressionante como logo congruentes, os pontos se coincidem. Oi, você por aqui? E perco o ônibus. Me deixei distrair. Escolhas. Quando ao nosso alcance, conscientes. Pego carona. Destino definido. Cintos afivelados. E a gente viaja. Risadas se misturam com a música alta que quebra o silêncio tímido. E se faz casa. Íntimo. Nada atrapalha. Só o semáforo verde que interrompe as falas abafadas. E a gente se recompõe. Engata a marcha. Saco, entrei na rua errada. O waze recalcula a rota. Você arrota. Aue. E a gente cai na gargalhada. Intimidade é uma merda. Já diziam. Eu acho é graça. Gosto desse conforto tipo casa. E lá vamos nós de novo. Frio na barriga. Desafivela. Passos tomam rumo. Tá bem, vai. Eu assumo! Esse caminho eu conheço! Já é no piloto automático. Não tão alerta. Inconsciente. Pés andam só. Sem fazer força. Só sigo. As deixas. E agora, atravesso ou faço a travessia calculada? Olho para os dois lados, nada ressoa. Enfrente. Segura. Quando olhei… Fui de olhos fechados. Crente. De chegar adiante. Saber fazer a própria hora. É agora. Minha vez. Atenta. Ciente. Assino embaixo. Atenciosamente. Logo chego. Mas a caminhada é longa. E enquanto sigo meus próprios passos, abrindo espaço e respeitando os sinais, inclusive os meus, vou me deixando, me distraindo, encantando sem pressa de chegar lá. Mas quando chegar, acredite! Novo destino já estará traçado entre nossas paralelas, outras ruelas, rabiscando pelos mapas as linhas e eixos e me deixo pelos tantos, aos passos repasso um tanto e carrego comigo o que cabe na leveza do andar. Descalço. Sigo. No gerúndio. Te vejo lá. Onde quer que tiver que ser. E será. Até já. 

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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