"Me Faz Um Favor?"

Tem coisa que é fácil explicar, mesmo numa língua que não é sua materna. Mesmo faltando uma palavra aqui ou ali, você dá aquela voltinha e acaba conseguindo passar ao outro a ideia do que você queria falar sobre. Mas tem coisa que nem na tua própria língua tu consegue explicar… O que você faz para o outro te entender então? Mímica? Procura na net? Pede ajuda pros universitários ou pula a fase? Hahahahah. 
Ficam os dois com cara de paisagem. Ele querendo compreender sua cara de apreensão por não conseguir se expressar. E você desesperado tentando um jeito de se explicar e ansioso para tirar a cara de interrogação da pessoa com quem fala. 
No entanto, certas coisas você não precisa falar muito! Só de olhar a pessoa já te entende… Quantas línguas existem no mundo? Os olhos arregalados, a boca estampando um sorrisão, o nariz torcido, a testa franzida, os braços cruzados, os passos firmes… Fica mais fácil ainda quando você já conhece a pessoa… Quando a amizade vem de tempos então… Hahahaha só de olhar você já sabe o que a pessoa pensou. Sintonia. Você escuta uma palavra ou uma frase que pra vocês tem um significado único e particular e ambos se olham com aquela cumplicidade. Assustador é pensar que sem falar, questionar e nada mais, você consegue se comunicar. Fidelidade. Hoje um dos temas da minha aula foi sobre o que define um bom amigo. Nomes surgiram na minha cabeça. Comecei a descrevê-los. Contar nossas histórias. E como começou nossa amizade. Todas de forma espontânea… Espontaneidade. Aquele que te permite ser e é também. Que te diz o que tu precisa ouvir e não o que quer ouvir. Sinceridade. Aquele que vai te provocar, te xingar, e você vai rir ainda porque ele pode, você faz o mesmo, mas ai de alguém mexer com ele! Mexeu com ele, mexeu comigo! Parceria. Tem aquelas amizades on your wavelenght, que mesmo sem ver a um tempão, quando vocês se esbarram, o tempo não faz a menor diferença e tudo volta a ser como sempre foi. Amigo que vem e ressurge por coincidência. Seria coincidência mesmo? Amigo que vem e não volta mais, mas tá de longe observando e torcendo. Amigo que mesmo longe, tá perto. Amigo que faz falta. E sente a nossa também. Saudade. Deu saudade. 
É difícil explicar. Tem aqueles que você conhece desde a infância e não larga mais. Tem os que conheceu quando estava no colégio ainda e leva pro resto da vida. Tem aquelas das aulas de dança. Os que são da família. Também os do condomínio que você morou e passou grandes tardes numa conversa à toa com um violão na roda. Tem aqueles que você conheceu na faculdade e descobre que têm a mesma loucura que a tua. Tem os que você encontra no meio do caminho e pega carona. História. 
Não precisa explicar. Mas, a gente sempre dá uma mãozinha, se preocupa e toma conta. Carinho. 
Fala sobre os assuntos mais diversos a ponto de se perder na conversa e depois se questionar como chegaram a tal ponto e como não perceberam a hora passar. E quando faltar assunto, o silêncio não incomoda, acompanha. Chega ai, vamos fazer um nada juntos. Companhia. 
Acompanhando o passo, o dia de hoje também foi papo de viagem, futuro, planos e relacionamentos… E euzinha aqui falei mais que o colovelo sobre a Grécia, Itália, França, EUA, Tailândia, NZ, e tantos outros lugares que quero tomar um pouco daquela dosagem de coragem e curiosa fui questionando como tudo funciona nos outros países… Engraçadas as extravagantes diferenças. Nos países árabes você casa com a pessoa antes de conhecê-la direito, digo, de passar um tempo como namorados. É como o namoro no Brasil, ou não. Hahahaha. Quer dizer, relacionamento no Brasil é meio difícil de explicar também né hahahaha. Na Austrália não muda muita coisa, a única diferença que vi aqui é que a aliança de casamento é prata com um pedra tipo diamante, não tenho certeza. Na Colômbia, a galera é mais fiel pelo o que entendi das histórias sobre baladas que escutei, enquanto isso nem tem balada nos países árabes, tem, mas mais estrangeiros que vão, por conta da religião e cultura os nativos não frequentam. Claro, não falo de verdades absolutas, foi o que me contaram, sem exageros e generalizações… Também falamos sobre modos diferentes de conhecer pessoas, e um colega contou de um que estranhou pra caramba e que rola aqui em Melb, é tipo um Tinder da vida real hahahaha. Várias carteiras enfileiradas e as pessoas sentadas uma em frente das outras, elas têm um tempo pra se apresentar e conversar e quando o tempo termina, elas trocam de carteira… Hahahahaha. Cada uma! Relacionamentos. Complicado de explicar também. Desde a amizade ao walk down the aisles hahahaha. Porque é simples e tem gente que complica. Não explica. Sem forçar a amizade. Naturalidade. 
Mais uma coisa diferente que fiz por aqui, fui assisti uma palestra sobre bussiness na faculdade RMIT! Que facu ou como eles chamam aqui, que uni! Hahahah. Bem bacana! E conheci uma galera doida Ahhaha. E a noite acabou em pizza com amigos e muita música… Mexicana, brasileira, americana… Músicas que falam por si só, pelo ritmo e não precisam de explicação… 
É que a curiosidade consome e busca explicações. Olhares atentos. Feição amiga. A calma e o cuidado. 
Os detalhes. Hoje logo cedo, eu corria pro tram stop pra pegar o meu e ir pra escola. Segunda-feira de manhã. Pressa. Tempo. Cronometrado. Tudo. Entrelinhas. E cortado. Meu tram chegou. Alguém me chama. E não era coisa da minha cabeça. Olho pra trás. Uma rapaz se aproxima. “Me faz um favor?”. “Só que tem que ser rápido, é o meu tram!”. “Só sorria!”. E ai eu continuo meu caminho. Esqueci que é segunda. Esqueci do tempo. A pressa sumiu. E eu fiquei rindo. Como certas coisas passam despercebidas… Meu dia ficou diferente por conta disso Hahahahah. São os detalhes. Não os porquês. 

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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