Trilha sonora: Atlas Hands – Benjamin Francis Leftwich
Eu não espero o final de semana para colocar minha melhor roupa. Sou daquelas que compram algo e já sai vestindo. Quero me sentir bem todo dia. Quero rir a toda hora. Se não for pra ser assim, eu vou embora. Para! Não me enrola! Chega de fazer hora! Vem pra cá, se demora! Ora ora, não era aquele papo de fazer isso logo agora?
Olha… o relógio não sai devagar, minha senhora! Corre como Bolt em Olimpíadas. Fazendo graça. Rindo da cara de espanto a que encaram. Faço a observadora. Enquanto pego carona. Mas calma, vai já? Ontem discutia com uma amiga o significado de certas palavras e como as modificamos. Tipo engraçado. Caracterizamos como tal tais situações que de engraçado nada tem. Nem ri. Nem dó. Sol. Lá. Mas e se? Aquele papo de ressignificar. E como os sentidos se esvaem pelo tempo. Transformam. Eu. Você. E nossa distância. E o que temos de mais belo por dentro de nós. Tem gente que teme isso compartilhar. Eu falo por mim e por elas. Sou brisa ao vento. Falo pelos cotovelos. Meu medo é não ser ouvida. Mas encaminho. Destino. Carta assinada e endereçada. Mas rebobina. Sobre o tempo.
Eu não espero pelos finais de semana. Mentira. Óbvio que espero. Faço planos. Torço por vezes pra segunda voar e chegar logo em casa. O cansaço fala mais alto. Mas eu trago notícias. Vim com luvas de boxeadora. E mangas da blusa dobradas. Cabelo preso num coque. Meu penteado de sempre. Vim pra luta. Mas de vestido. E rasteirinha. Com meus brincos grandes. E aquele delineado de gatinho que tomou 10 minutos a mais do meu sono. Não quero ser quem espera pelos fins de semana. Não gosto de quem deixa pra depois e posterga. Não quero procrastinação. Quero gente do meu lado que tenha planos e vontades. E tira a monotonia do dia cinza. Gente que não se conforma. Dá a cara a tapa. E sabe o que quer. Ainda que sem saber ao certo o caminho. Tem clareza de onde está. E certeza de quem é. Gente que vibra pela alegria e conquista alheia. Gente que se demora nos outros. Mergulha sem receio de quebrar a cara.
Ora. Demora. Rebola. Olá, você vem sempre aqui? Maybe. Semáforo vermelho. Já engata a marcha. E só vai. Esquece o freio. Conecta. Deixa ser. Sintoniza. É a frequência. Encadeia. Nossos passos. Os compassos. O toque. Que vibra. Vem cá, agora? Chego em 12 minutos.
E faz ser. Final de semana. Será. Verá. Verão. E ainda que lá fora temperatura no negativo. Aqui transpira e ainda arrepia. Sensibilidade é estar nu em palavras. Se despir da timidez que encobre tanta beleza. Somos múltiplos. Legítimos. Donos de tanta arte. Daquelas que não precisam pousar em exposições. Mas que surpreendem com sua chegada inesperada. É aquele clique. Que conecta. E deixa ser amor. Deixa ser. Sentir. E se tiver que assim ser, deixe ir. Fluir. Não tema ser muito. Extravasa. Se preocupe sim. A gente tenta sintonizar a frequência e as vezes diminui a intensidade com receio de ser demais pra alguém. E nessa deixa de ser o que acredita ser. VOCÊ! É, eu sei. Já fiz tanto isso. Deixei de ser tanto. Por medo de transbordar. Mas é que é impossível mergulhar onde é raso. É oceano. Vai fundo! Deixem mostrar. Mostre exemplo. Dê as mãos. Deixe sua vulnerabilidade gritar. Chega de pose, ok? Temos nossos dias meio segunda-feira. Tá tudo bem. Procure mudar a interpretação. Juro que tem beleza se você procurar entender até aquilo que você sempre julgou. Tá ali escondido. Mas nem precisa de lupa. Concentra ali. Observa bem. Anota. Repare. E aí, deixe partir. Aprender. Respeitar. Agradecer. Ceder onde não tem espaço. Se recolher onde não lhe cabe. Acredite em novos começos. Teste. Experimente. Abrace teus familiares mais vezes. Ande de mãos dadas. O beijo na testa. Esses pequenos cuidados. Ri alto mesmo! Canta no chuveiro. Qualquer motivo vire festa. Seja gentil em teus atos. Reage! Que todos os dias sejam finais de semana. Acorde e já determine isso. Estamos alinhados. Conectados. Com quem somos. Com quem nos faz ser. Ainda maiores. E especiais. Intensifica. A música aqui grita. Os momentos que ainda no agora já dão saudade e me enchem os olhos. Viveria mais mil vezes. Pausa. Pra que ir pros finales? Espera, vai ter bolo! Ele chegou. O grande momento. As mãos tremem. O pescoço se contorce todo. Que sorte essa a de estar aqui vivendo. E tá acontecendo. Por favor, fica! Não quero esperar o final de semana. Aliás, que dia é hoje?
