Sou uma longa história



Trilha sonora: Big Wave – Donavon Frankenreiter
Um domingo de março. Ano de 2019. Acordo às 11h, com uma preguicinha teimosa e insistente. Desliguei o despertador. Me estiquei até ocupar cada cantinho da minha cama. Sem pressa. Sorri na minha intimidade que se fez casa. Hoje só levanto na minha hora. E assim foi. Me levantei sem vergonha na cara umas 13h. Coloquei um som de Jack Johnson. No meu ritmo. Tomei meu banho. Me vesti. Comida na mesa e pessoas queridas a cercando. Zombaram comigo, “bom dia, bela adormecida”. É domingo, e hoje é dia de fazer nada bem devagar. Toquei um pouco de violão com meu priminho de 11 anos que tem uma banda de rock. Assisti alguns vídeos de dança daqueles que me fazem dar replay no mínimo umas 3 vezes. Respondi todas as mensagens que ainda tinham a notificação pendente. Eu já tinha escutado os 3 últimos cds do Jack (já somos íntimos).  

Voltei pro meu quarto. E por alguma razão me arrastei até minha gaveta onde guardo minhas cartinhas que um dia já recebi (já falei o quanto amo dar e receber cartinhas a mão? Pois bem…). E ali no meio puxei meu pendrive. Esse que me levou até Melbourne no ano de 2015. Já não era mais um domingo chuvoso. Ainda ventava forte. Mas eu ainda tinha 19 anos e não menos curiosa. E todo aquele sentimento veio de novo à tona. As descobertas. As amizades. Os amores. Veio tipo maré. E eu me deixei afogar nas lembranças. E que onda! Pude sentir novamente o friozinho na barriga. Aquela empolgação sem motivo. Até soa besteira. Mas é que somos todos parte do que lembramos. Guardamos em nós todos os anseios, paixões, sonhos e esperanças dos que nos amam. E enquanto houver amor e lembranças. Nada estará perdido. E se por um momento parecer que sim. A gente se encontra. Se abraça. E vai ser incrível. Não estamos brincando de pique esconde. Aqui é vai ou racha. E olhando aquilo tudo, eu senti a existência de um infinito que mora em mim numa vontade louca de se exteriorizar. É algo gigantesco. A verdade é que é impossível não se apaixonar por alguém quando você para para ler suas histórias. E eu meio que narcisista num tom de gratidão devo confessar, eu amo a minha. Desde as pessoas, os lugares, os momentos, as trilhas sonoras. Cada passo. Cada compasso. E repasso cada cena na memória. Revivi cada uma. Dei risada lembrando de algumas. Fiquei com um nó na garganta por outras. E me enchi de saudade em todas. Nunca será o mesmo novamente. Nunca mais serei a mesma depois de tudo o que aconteceu. E que delicia é ser essa metamorfose ambulante e se deliciar com as próprias vivências. De ter a sorte de encontrar pessoas especiais sempre em nosso caminho. E todos os acasos e acasos já destinados. Tudo traçado e navegado. Em minha integridade, meu 100% eu mesma no meu agora. Me doou por inteira. Tanto aconteceu. Há tanto por vir. Meu coração tá pulsando um pouco mais forte. Minhas pernas estremecem. Vontades vem e vão. Mas tudo aquilo que eu vivi? Continua ali. Intacto. Intocável. Registrado. Ou não. Foi sentido. E guarda emoção. É engraçado como isso me dá ainda mais vontade de viver loucamente. Minhas alegrias e dores. Porque depois passa. E vira história. Vira memória. Vira saudade. Eu amo cada uma que a vida já me proporcionou. Me enchem os olhos. Me engrandece de vontade. Me arranca sorrisos. O peito fica apertadinho. E a graça está exatamente em saber que os melhores dias da sua vida ainda estão por vir. E que façamos valer cada saudade que ainda está a caminho. Faço sinal e pego carona. Até já. 

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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