Trilha sonora: All The Pretty Girls – Kaleo.
Acordei e a interrogação deitava ao meu lado. O que veio fazer aqui? Olha ela ai de novo! Descanse! Vá sem pressa! Mas vá. Quero certezas. Não que você não seja bem vinda. É gostoso de vez em quando essa fonte de dúvida. Quer dizer que temos escolhas e só depende de nós. Sim, eu sei! Ou não. Depende. Talvez. Será? Tava demorando pra ela chegar. Abre as portas, escancara as janelas e a bagunça tá armada. Quem arruma? Ela persegue. Tá vendo? Ai! Não dá! Dê tempo. Vou fugir pra ver se consigo escapar, será que funciona? Deixe pra lá!
Senta aqui! Tenho tanto pra contar. Hoje tomei café da manhã! Sabe o que isso significa? Vou tirar a interrogação pra tu ficar mais à vontade. Quer que eu guarde suas coisas também? Café ou achocolatado? Quanto de açúcar? Um lanchinho antes de um longo dia. Prolonga a energia. Bem disposta. Suponha. Disponha. Não tenho o hábito, mas quando levanto pra tomar café da manhã, de duas, uma: ou acordei com muita fome ou acordei acreditando! Acredita nisso? Eu acreditei! Sai de casa com o fone no ouvido, uma música que deixa leve o andar e faz a gente seguir enfrente. Tudo junto mesmo!
O celular toca: “Some might say we’ve lost our way. But I believe we’ve not gone far enough.”
Voltar sem arrependimento, sem nada pendente. Atravessei a rua com sorriso de orelha a orelha, quase saltitando entre um andar dançante seguindo as batidas da música que cantava enquanto me abastecia.
Cheguei. Quinto andar. Segue reto, terceira sala da esquerda pra direita. Um pouco atrasada, pede licença na maior cara de pau, vai tirando as interrogações e os fones de ouvido. E tecendo os fios enquanto abre o caderno e puxa uma caneta. Faz um rabisco e dá risada do resultado do teste, a parte do Listening em que fui bem mal. Mas a desculpa grandiosa. Dormi fazendo a prova. Solzinho no rosto me desconcentrou. Sem arrependimentos. Sem dúvidas! Dai batem na porta. Adivinha? Bingo!
Os conselhos. O ombro amigo que põe a dúvida de molho, lapida e molda. Bati na porta dos que a palavra me importam. Os exemplos que uso nas minhas certezas. Escuta o que vem de dentro. Só escuto meu estômago com fome. Sai pra almoçar com meu primo e um amigo. Enquanto comíamos fomos abordados por um sujeito que discutia o desemprego e teimava que há muito na mão de poucos e todo argumento vinha acompanhado de um “do you understand what I’m saying?”. E aquilo ficou ecoando na minha cabeça, mesmo quando ele deixava escapar uma frase que não terminava com essa interrogação. Eu completava mentalmente. Entende? Automático! E durou um dia inteiro. Chega! Voltei pra casa pra me sentar um pouco e desentortar as dúvidas, antes que criassem vida.
Gosto tanto dessas ligações sem razão e fora de hora. Entretém e me tiram do caminho traçado e decorado. Tira de órbita e te mostra uma nova rota. Troca o sentido. Vira a direção. Põe do avesso. Falando nisso. Já disse que tenho dom em me perder? Hoje eu me superei, passei o ponto. E não foi um. Fui longe. Me achei e também lugares legais pra ir. Me encontrei. Perdida! Voltei. Um tour não planejado, sair da rotina num bem querer sem querer querendo. Quis mais!
Mais conselhos de gente que se importa e se faz importante na história. Mas já deu a minha hora! Veste o casaco, coloca o tênis. Tira as dúvidas que não cabem na mala. Fui pro trabalho. Tomei o melhor Chocolate quente da vida com direito até a nutella. A letra maiúscula proposital porque não é qualquer um. Já passou da meio noite e estou a caminho de casa. As luzes da cidade ainda acessas. Atravessa. Cheguei de volta. Trouxa mais interrogações. Mas também certas soluções. Jantei. Tomei um banho quente. Fui dormir. Quanto às dúvidas, só mais um incentivo, é um tal de continue a remar e vou indo. Do you understand what I’m saying?
Se prepare pois a cena é forte! Da série: coisas que você só vê na Austrália. Cuidado com os orelhões hahahha.


