Trilha sonora: Bem Melhor – Lagum
Sei lá. Hoje eu estava indo pro trabalho. O dia tava tão bonito. Aproveitei que estava com o relógio a meu favor. Desacelerei o passo. Andava com o rosto meio que levantado. Não tinha nada de nariz empinado. Eu só tentava sentir um pouco mais do sol que vibrava. Queria absorver um pouco daquela luz.
Fechei os olhos por um segundo. Respirei fundo. Recarregada. Fotossíntese diária. Dos meus dias não cinzas. Celebro a vida.
E me basta. Me basto. Sol. E mais nada.
Por um momento meu corpo pediu por praia. Por água. Sombra boa. Certezas. E um pouco de poesia.
Relógio me despertou. O passo acelerou. O rosto baixou. Em frente. Voltei pro automático. O roteiro traçado e já decorado. Disco riscado. Tão gostoso sair um pouco do ritmo. Coração acelerado. Precisava entregar a apresentação. O turbilhão invadiu a cabeça como furacão. E o sol quase desistiu de me acariciar. Ainda bem q ele foi insistente.
Eu que sempre ando no 220V, hoje apesar de tudo. Respirei calma. Dona da velocidade do meu dia e do meu humor. Acordei decidida. Eu teria um bom dia. E foi. Quem dizia que o frio é psicológico, não sabia metade da missa, ou só rezou meio terço. Talvez para evitar rumores e mal olhados. E sem virar telefone sem fio, eu confiei nas incertezas do meu dia. E seguia. Na esperança pelo melhor. E só. Solta. Das amarras. Dos medos. Da ansiedade. Dos pensamentos alheios. Hoje, deixo que falem. E os que merecerem, que ouçam minha verdade. Minha preocupação é apenas uma, não desperdiçar meu dia, não deixá-la crua, celebrar a vida. E viver nua de preconceitos e receios. Eu sou sol. Só. Verdadeiramente. Eu.
