Trilha sonora: Tighten Up – The Black Keys.
O dia levantou da cama com preguiça. O frio lá fora assusta e faz querer se esconder debaixo das cobertas. Prazer, dia! O alarme insiste! A teimosia reina! Território marcado. Quero ver me tirar daqui! Os cinco minutos viram quinze. Segundo alarme grita! Tá na hora! Joga tudo pro algo! E corre! Se agasalha e dá a cara a tapa! O vento estapeia. Quero um cafuné e um abraço quentinho! Seguir o tempo no meu ritmo e contrariar o relógio! Deixa? Não! Não agora! Você tem que conquistar o tempo! Tente alcançá-lo! Entrei na chuva! Corri pro ataque! Ajoelhei e rezei! Foi dada a largada! Se é pra brincar, vamos brincar direito! To pronta! Pode soar o apito! Sem cortes! Ação! Valendo!
Cheguei cedo no trabalho! Corre de um pro outro! Hoje o domingo foi work hard! Quando se quer algo, você tem que correr atrás certo? Planos traçados pra então ultrapassarmos as linhas de chegada! E voa! Como voa! O tempo piscou ou foi eu que não vi passar? Pegar o bonde andando e sentar na janela! Na hora certa, momento certo! O timing! Acorda! Se não perde o trem, o ponto, a chance, a história e as entrelinhas! Melbourne é tão planejada! Tanto nos horários e na fala. O pensar antes de agir. Mas também tão contraditória. Ao mesmo tempo em que requer um planejamento, requer cuidado a cada passo, os imprevistos estão no agora! Imprevisível até quando programada! Acorda! O trem mudou de plataforma! Vai ter que pegar um ônibus que repõe esse caminho! Atenção passageiros! Se vira! Corre! Pede informação! Abra o mapa! Siga a intuição! Mas não para! Não dá pra parar no ponto, transforme em vírgula ou inicie nova oração! Amém! Ei, calma! São cinco horas e parece que mal sai da cama! Tá tudo escuro! Eu juro que estou de olhos abertos! Não é minha culpa! Olha esse céu estralado ou são as lanternas dessa cidade imprevisivelmente bem pensada? Pare e pense! Chega! Tem que agir! De planos, temos de A a Z, alfabetos diversos, que idioma deve ser? Vem cá, eu quero te mostrar o que meus olhos conseguem ver! Enxerga o mesmo que eu? Mas o que tu vê? Me conte o que você vê dai! É o mesmo que eu vejo? Até na tonalidade? Os traços são parecidos? E o que isso te provoca? Instiga? Causa algum efeito? O que passa ai na sua cabeça? O tempo? As formas? Os sentimentos? E no peito? Aperta! Dê as mãos! Agradeça!
Hoje foi dia de trabalhar o dia inteiro, dois lugares, dois caminhos contrários, vários trens, improvisos e planos que chegaram no se vira nos 30, o frio gelado! Gente nova, recompensas, experiências, confusões, soluções, mais luzes, risadas. Chega o final do dia, os pés cansados, o sono se aproxima, o frio acompanha, já aprendi a apreciá-lo. A fala que vem junto e esquenta, o olhar que orienta e as luzes que guiam! Vem pra cá que te mostro o caminho!

