Domingo. Dormir até tarde. Tirar o dia pra day off. Um fazer nada bem devagar. Um fazer tudo bem rápido. Pela janela, tá tudo cinza. Novo sons. É a chuva e o vento lá fora. Querem brincar também. Você acena tímida. Prorroga a participação. Levanta. Sacode a poeira. O tempo muda seus planos. E de novo a gente vive no improviso dos 20 segundos. É agora ou nunca. Vai ou racha.
Li um texto tão legal com o título “É Preciso Ir Embora”. Me fez parar. Analisar e fazer a digestão sílaba por sílaba. Tem gente que escreve para se salvar e acaba por salvar quem lê. O texto faz uma comparação dos nossos problemas e os jeitos pelo qual nós os enxergamos. Na maioria das vezes usando lupa. Quando na verdade a gente só tem que pegar o avião e olhar para eles lá de cima. Ao todo, essa seria a medicação para não só para os problemas. É a lente da simplificação. Desfocar para focar de novo. Sair de perto e olhar de longe faz a gnt perceber a real dimensão. Tá enxergando dai? Tá tão pequenininho. A gente reclama, mas a distância nos faz ver o que de fato queremos. E cá entre nós, não tem nada mais libertador do que esse tiro no escuro. Ao menos não descobri ainda. Mas essa liberdade de ser tudo o que pode ser é… Qual é a palavra que descreve aquilo que te deixa até tonto de tanta notícia boa?
E você vê, que tudo depende exclusivamente de você. O saber viver e ter perspectivas. É quando teu modo de pensar se torna uma nova experiência.
Recebo uma mensagem da minha mãe “seu pai disse: ‘deixei escorregar para baixo do carro e olha onde ela foi parar. Bjs”. Começo a rir sozinha. Lembrei dele me contanto essa história. Eu estava em um bebê conforto de duas alças. Ele, paizão de primeira viagem. Achou que tivesse segurado as duas alças, quando olha, onde eu estava? Hahahahaha. Confesso que demorei para acreditar nessa história. Minha mãe diz que a sorte é que ela também mãe de primeira viagem, tinha me enrolado de um jeito na coberta que a única coisa que aconteceu foi eu parar debaixo do carro e deixar meu pai desesperado me procurando. Hahahahahahah ai eu não consigo parar de rir. Aquela mini queda (acho que eu só rolei um pouco, né pai? Ahahhahahahahaha), foi meu primeiro passo ainda sem andar. Acho que já sei também pra quem eu puxei por ser meio destrambelhada. Hahahaha. Até o sangue é o mesmo! Eu costumo dizer pra todo mundo que me tece elogios, “tenho bons exemplos em casa desde pequena”. De debaixo do carro pro mundo, babu! Hahahahahah.
Só que é preciso partir. Pelo menos por uma única vez. É preciso sair do ninho. Enxergar o verdade tamanho das coisas. Aquele mapa que cabe num livro qualquer de geografia nunca me enganou.
É importante essa distância para vermos que não somos tão importantes assim, a vida segue com ou sem a gente. É importante para vermos que somos importantes sim, com toda a contradição mesmo, mas que somos nem que seja por minutos ou alguns anos. O que marcou, fica! O sentimento não muda. Vira saudade. E você pode estar na China, Austrália, Nova Caledônia (não sabia da existência desse país Hahahah), ou em qualquer outro contorno do teu mapa pequeno (pega o avião e rasga o mapa!), quem sente sua falta não vem com desculpinhas, sente e age! É simples. A gente que complica.
É só olhar lá de cima. Sair. Sentir que faz falta. Mostrar que sente falta. Se sentir importante para si mesmo em cada passo. Olhar diferente. Escutar novos sons. Pegar novas trilhas. Imergir em si. Viajar. Rasgar os preconceitos. Se conhecer e virar o próprio melhor amigo. Descobrir seus amores. Amar muito. Amar pouco. Sentir demais. Explorar. E nunca sentir o chão. Alguém falou em pousar? Se não achar, olhe debaixo do carro! Hahahahaha.
Até porque até em dias cinzas, tem arco-íris…
