Imprevisível

Sai de casa com guarda chuva. Chuva dá lugar a um vento que faz o andar até ficar pesado, de tão forte faz até aquele zumbido. A mão congela. O rosto vermelhinho de frio. Chegando na escola, o sol começa a dar as caras… Saindo de lá, um tempinho razoável. Mais tarde, o vento de novo… Melbourne e sua bipolaridade. Hahahahaha. 
Você tem que andar com uma roupa que dê pra se adaptar ao dia e suas quatro estações. Assim que eu cheguei na escola, meu professor querendo que eu desse um exemplo de frase usando o future continuous, me perguntou “como você acha que vai estar o tempo quando sair da aula?”, comecei a gargalhar e todo mundo esperando eu responder Hahahahaha. “Olha, só no caminho pra cá, choveu, ventou, sol apareceu, agora o dia tá ensolarado… É Melbourne, não dá pra saber”. E ele riu e respondeu “bem-vinda”. Hahahahaha. 
Imprevisível. Tudo anda sendo assim. Igual o tempo. Igual a vida quando a gente anda sozinho, não no singular, digo no escolher nossos caminhos sem dependências. O que vai fazer depois daqui? Você para e pensa. Você escolhe. Liberdade. O que acontece depois? Interrogações. Tem que pagar pra ver. Ir pra conferir. E por que não? 
Quando é previsível demais, perde aquela curiosidade que torna tudo mais lúdico. 
É só não se preocupar com o que vem à frente. E ir. 
Eu fui, fui parar em Chapel St. Com uma amiga. Tão bom achar alguém com quem você pode conversar sobre tudo e te entende. A hora passa até mais rápido em companhia de gente assim e você se enche de coragem de se jogar no imprevisível quando juntos. Vamos? Agora! Hahahah. 
Depois de o tempo mudar mais umas mil vezes, antes de voltar pra casa, resolvi caminhar um pouco e fiquei sentada na Federation Square, esperando a noite chegar e as luzes acenderem. Aquele mundo de gente passando nas estação… Já reparou como tem gente que tem feições, jeitos, modo de falar e andar que sempre te lembram alguém? É impressionante. Conheci um mexicano que é a cara e crachá de um amigo brasileiro. Quantas mil vezes já fiquei intrigada com esses tipos de semelhanças. Tem gente ainda que fala que a gente começa a se assemelhar depois de muita convivência com alguém… Não só o jeito. Já vi pesquisas também que falam sobre casais que se parecem irmãos, e dizem que estamos sempre à procura de rostinhos familiares. Mistérios. Hahahahaha. Comentário aleatório feito. Hahahaha. No fim, acabei conhecendo uma galera australiana ali! 
Voltando pra casa, o tempo esfriou ainda mais! Mas, o dia imprevisível me rendeu amizades, laços, risadas, novas percepções. Pra esse tipo de coisa, a gente nem precisa de guarda chuva. Só curiosidade! 

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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