Metamorfose

Trilha sonora: Love Like That – Sophie Elise. 
O despertador tocou. Insistiu. Eu persisti. Não recusei nem um segundo de abraço apertado, agarrei meu travesseiro como quem não o vê a tempos e tem receio de que se soltar, demore a ver de novo. Era só eu e ele. Mas o alarme veio pra botar defeito e acabar com esse caso de amor. A despedida. Como todas as outras. Difícil. Como o primeiro amor, aquele grude. É ímã. E cola. Prende. Fascina. Sustenta. Suporta. Conecta. Se liga, é só mais uma história. Você supera. Dei um último abraço apertado. Seguimos caminhos diferentes. Ele ficou. Eu fui. Em mim, algo se esconde e agita. Muda. Troca de lugar. Empurra. E quer voar. Me coloca pra frente. Me tira do lugar. Não me deixa acomodar. Acontece. A gente tece. Roga a prece pra não parar. E ainda pulsa. 
Cheguei no trabalho, fui recebida por mil coisas para fazer. Corri. Virei duas. Até as três. Deu minha hora! Uma sobremesa tailandesa me levou até a porta. Se cafuné tem sabor, já sei qual é. Peguei o telefone, “me encontra na Flinders”, o point de sempre. Fui com meu primo na H&M e depois na DFO. Dia de comprinhas.  Mas por mais que o pensamento ia longe, ele voltava a pensar naquele que ficou, em partes, fiquei também. Não adianta fingir, nem mentir pra si mesmo agora. Há tanta vida lá fora. Cantaram. Escutei e cantei junto.
Corri pra casa. Tava na minha hora.   
A saudade se calou. A gente se abraçou ainda mais forte. Resiste. Até quando não dá mais. E prova. Aconchega. Chega mais perto. Retira as desculpas de cena. E eterniza o que em segundos não está mais enquadrado, mas registrado e congelado como fotografias. Improvisa uma ponte e atravessa. Quem assiste, se questiona. “Só acontece em filme mesmo!”. Talvez seja a imaginação que amplia o valor. Encaixa. Enfeita. A gente não faz desfeita. Encanta. Chega nos teus ouvidos e baixinho canta. É nesse vai e fica, fica e vai. Que liga. Revira. Vira laço. Embrulha. Ensina. Entende? Em você. Em mim. Enrosca. Entrelaça. Em tudo. E não para. Anoitece. Se explica. Sem explicar. Conclui sem muitos pontos finais. Dando continuação a essa história de lá pra cá. Arriba, abajo, al centro y adentro. Somos vírgulas e reticências. Somos juntos arte ainda quando tarde. Arde. Vibra. A gente muda de novo. E floresce. Dá frutos. Amanhece. Entardece. Encurta. Entra. Entende. Prefixos. Se fixa. Um ao outro. Enquanto voa. Encosta. Sufixo? Te chamo! E falo entre falas. Sublime. Luares. Respira? Espia! Só rastros. Cicatrizes. Faz sentido. Faz sentir. Faz ir. E vou. 

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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