Trilha sonora: What Do You Mean? – Justin Bieber.
Fazia tempo que não escrevia… Eu não sei o que acontecia. Eu confesso, sou muito sensitiva. E tem hora que eu preciso fugir entre as linhas. Esconder a caneta pra não escrever e gravar. Não sei se quero ver a ficha cair. Além de sensitiva, visual. Compreendo quando escrevo. Não esqueço quando registro. Se falou, anoto! Quando somo, enxergo o cálculo. E tudo ganha forma. A imaginação colabora e desenha. Pegar tudo no ar. Coloca na forma. E quando não, fica tudo solto. Com as interrogações à solta. Diferente do habitual, eu não queria exclamações. Parei de brincar de pega-pega e comecei com o esconde-esconde. Difícil falar do que você ainda não digeriu. Soa exagero. Talvez de fato seja. Mas escrever pra mim é uma tentativa de prolongar o máximo o agora. E então? Estica! O tempo passa, mas o momento tá ali no cantinho pra ser reprisado e relembrado. Não estava pronta. E fui empurrando com a barriga. Parece mais simples assim até. Só ir. Sem mais nem menos. Sem explicações. Sem satisfações. Sem linhas. Sem rabiscos. Mas e as memórias? E os detalhes? E dai? Quem liga? Quem lê? Quem chama? Qual a última coisa que você faz antes de dormir? Não sei você, mas eu rezo! Agradeço pelo o que aconteceu! Amém! Primeira coisa que faz quando acorda? Eu escolho uma trilha sonora, e lembro o que fiz ontem e sigo. Me visto de hoje. Agradeço! A música muda. Mas a história continua. Prossegue. Muda, ajusta, se altera e reinventa. Mas a linha ficou pra trás. Não seguiu o compasso e as páginas dando lugares a novas. O que ficou? Páginas em branco? Sou visual! Esse silêncio incomoda. Olhei um pouco por trás do esconderijo. Tá seguro. Tudo limpo. Sai. Recuei um pouco. Mudou bastante coisa aparentemente. Tá tudo bagunçado e fora do lugar. Calma. Alguém segura esses ponteiros. Aumenta o som e cobre esse tic tac. Busquei minha aquarela. Dando tempo ao tempo, correndo atrás sempre em frente.
Engraçado como escrever sobre essas histórias me faz perceber os detalhes que antes passaram batido. E as peças se encaixam. Os pontos se ligam. A gente se encontra. Dá tempo pra um cafezinho? Um cafuné ou um beijo demorado? Te escrevo, a gente ganha tempo e se eterniza! O que era externo perfura e se instala lá dentro e o de dentro se propaga e viaja. E então tudo fica tão claro que chega, abraça e tu sente entre os braços, o pulso. A sintonia que faz a sincronia do respirar e suspira! Tá claro pra ti? Quer que eu desenhe? Escreva? Apago as luzes e abrirei teu olhos! Enxerga o que quis dizer? Dê suas mãos! É pra confiar de olhos fechados.
Voltei a escrever. Quero saborear os detalhes e lições de cada dia. Preciso enxergar o que meus sentidos sozinhos não percebem. Fui pro trabalho. Meu avô me abraçou e já me trouxe um crepe de nutella. Recepções assim são muito bem vindas hahaha. Terminar o trabalho e sentar com o chefe, os amigos e o vô. Meu avô pegou minha mão e sem eu precisar falar nada, começou a falar minhas preocupações, soluções e risos e dessa vez não precisei ser tão visual. Era óbvio. Eu não sei explicar. Não vou nem comentar muito. Mas ele sabe o que quero dizer. Sabe até o que não sei explicar. E me explica. Fala da vida. Entrelinhas e nossas mãos. “Estou certo?”, se não está, não sei o que certeza é. Não é sobre geometria, nem astrologia, é sobre os detalhes e essas ligações, tão forte que a sintonia permite falar sem usar os sentidos, a imaginação e qualquer interação. Ele sabe. Eu sei. Até as dúvidas que me questionei. Sintonia. Espontaneidade. Sincronicidade. É família. O beijo na testa. Somos assim. Sensitivos. A gente sente só de olhar. Arrepia com o imaginar. E só de passar perto, transmite, invade, transborda, explode.
Fui pra casa. Conversei com a minha rainha. Saudade da madi. O vô me liga pra saber se cheguei bem e deseja boa noite. Ele escreve sem usar as mãos. E eu parei um pouco pra escrever também. Escrever sobre minhas histórias. Não no intuito de ser lida, mas com o objetivo de enxergar os detalhes e me encontrar entrelinhas. Agora e então…

