Trilha sonora: What You Know – Two Door Cinema Club.
Oi, tudo bem? Tudo e você? Fim de papo. Ei, volta aqui! Eu não acabei!
Que mania bizarra essa! Você entra no elevador, cumprimenta. Arrisca um comentário sobre o tempo. Os olhares se estranham, um sorriso pelo outro. Gente que pergunta e já vai embora antes de escutar a resposta. “Educação”, diriam. Não venha com essa! As perguntas feitas e as orações decoradas. Essas receitas de boa convivência. As conversas vazias. Cheias de nada. Gente que responde com outra pergunta e somando dá zero. Nessa pontuação prefiro o 1×1. Improvise, não veio programado. Esqueça o plano A à Z, que o plano seja você! Que seja, se vira nos 30! Mais que pressa! Não pergunte se não está interessado na resposta. É tão simples. Ao invés de perguntar, por que não dizer algo mais sutil? Não pergunte por perguntar. Sua interrogação perde o sentido.
Não gosto desses fast food, esses pratos com perguntas que só vêm caroços. Cadê o recheio? Cadê a graça? Não tem conversa. E ponto final! Tá tudo tão cronometrado. Igual na parte do Speaking do teste de Cambridge, você fala e quando passa do tempo o examinador vira pra você e fala “thanks”, um jeito sútil de mandar você fechar a matraca e parar de falar pelos cotovelos. Mas, gente! Qual é? Não tá tudo bem, não é só um “tudo” ou um “not too bad”. Você não se importa, por que perguntar então? Educação não tem nada a ver com isso! Não gosto de conversas vazadas! Dessas que não dá pra resumir.
Fale se der vontade. Pergunte se a curiosidade lhe cutucou. Cutuque de volta. Olho por olho. Pergunta por pergunta. E vira guerra! Aquela de travesseiro que só acaba quando um estoura ou todo mundo já está derrubado e com a barriga e bochechas doendo de tanto rir. Gosto daquele tipo de conversa que começa com opiniões, e vão longe, conexão com assuntos distantes e acha liga, conecta! Aquele papo filosófico interminável que vira pergunta rebatendo outra. É como num ping pong, a gente observa como se fosse aqueles gatos olhando fixamente a bolinha de lã que vai de um lado pro outro, quase hipnotiza! Esse tipo de conversa que rende um prato cheio e abastece o armário pra semana inteira. Isso é saudável! Muito obrigada! Thanks!
Chega mais pra cá! Senta aqui! Como foi seu dia? Me conta! Quais são suas paixões? E inspirações? Um sonho? Uma memória? Um anseio? Um desejo? Uma meta? Qual a maior saudade? Um fato sobre sua infância? Me conta sobre seus amigos e direis quem és. Abra o livro. Quais são seus exemplos? O que te faz levantar da cama? Não vale o despertador! O que te faz continuar? Quais são suas fraquezas? E seu combustível? O que te dá orgulho? Quais são seus personagens favoritos? Seu tipo de música? Um sentimento? O que te desperta aquela vontade de abraçar o mundo? O que te move? E te faz mover montanhas? Suas séries favoritas? Um prato predileto? Sorte ou coincidência? Coincidência ou nada é por acaso? No que você acredita? Tem vida? E vida pós vida? Existe milagre? Ou é fruto da imaginação humana? Tá pensando em que agora? Me conta, o que você acha sobre os direitos? O aborto, legalização, liberdade de expressão, liberdade de ser e amar… Love wins? Um lugar que tem vontade de conhecer? Quais já conhece? Quando foi a última vez que fez algo pela primeira vez? E pela última? Arrependimentos ou aprendizados? Uma cor? Calor ou frio? Balada ou bar? Direita ou esquerda? Política ou geografia? Agora ou nunca? Oito ou oitenta? Pinta o sete! Calma, não acabei! Espera! O que você pediria se encontrasse o gênio da lâmpada? Quais os três pedidos? Mais três? O que te dá medo? O que te faz recuar? O que você faz pra superar? Qual teu hobbie? Acredita nessas coisas de horóscopo? E religião? Você reza? Acredita? É do tipo “deixa a vida me levar” ou tem que marcar hora? Espera mais cinco minutos! Você aceita um café? Açúcar ou adoçante? Destro ou canhoto? Uma data importante? O que te tira o sono? O que te faz deitar mais cedo? O que te deixa pensativo? Ah, pensa um pouco! Atalhos? Mapas? Ou instintos? Para pra perguntar ou seja o que Deus quiser? Qual seu lema? E dilema? O que te deixa com vergonha? E o que te tira dela? Quais as inseguranças? E o que te faz sentir confiante? Qual foi o último “eu te amo”? E o primeiro “bom dia”? Até logo? Não, tá tudo bem! Thanks! Parei!
Hoje o dia foi assim. Risadas. Eu, de tão resfriada, virei “Abanda”, fui pra casa mais cedo. Uma ligação. O desabafo e carinho numa voz distância e tão perto que consigo tocar. Uma conversa com mais reticências.
E gente que carrega esses pontos me acertam em cheio. E que mira!? Não fecha o ciclo, vira três marias e depois se questiona. Pessoas especiais como uma amiga que fez aniversário hoje… Aquela que me apresentou o significado de amizade e estendeu as mãos sempre que precisei levantar. Sempre me deu impulso quando eu precisei pular. E ainda agora que nossos caminhos se divergiram, a gente continua contrariando todos aqueles que insistem em dizer que o tempo e a distância desgasta e afrouxa. Aqui tem um laço e o nó tá firme. Pra ela que é tão determinada e persistente, sincera consigo mesma e seus sonhos. Te desejo o mundo e toda inspiração para encher a cidade com seus traços. Um skyline só teu! <3
A verdade é que gosto de gente que fala com vontade. Que esbanja mundo na fala, aquele sentimento todo que não cabe e explode, sai como voz, sorrisos e os olhares brilham. Se empolga, gesticula e quase canta. E que não se contenta com os pontos finais. Tá cedo! A noite é uma criança. Meu relacionamento com as interrogações é sempre entre tapas e beijos. Ela vem, me provoca, belisca, depois pisca, puxa pela camisa e não solta. Gruda! E a gente se ama! Ela me intriga e a curiosidade pelas reticências dela me deixam vidrada por querer sempre mais. E a gente continua. Tudo bem?

