Trilha sonora: Step On Up – Benny Tipene.
Ei, não adianta fingir que não é com você! Não tem como fugir! Estou te vendo. Pode tentar não fazer contato visual, isso não o torna invisível. Consigo te ver pelo jeito que você anda. A maneira como observa os dois lados antes de atravessar e como fala entre as risadas. Um passo pós outro, ainda que em silêncio, você fala. Suas ideias, destinos, propósitos e filosofias, todos gritam. Os pensamentos ecoam. A curiosidade te leva. Eu te aceno. Não seja mal educado. Te conheço bem. Sei que tímido, gosta de passar despercebido. E por vezes é mal compreendido. Mas não custa. Vem cá! Tenho um tempinho antes do trabalho, me acompanha num café? Ou a gente pode sentar no square de bobeira e esperar o sol se despedir. Quer um chocolate quente ou prefere café? Cappuccino? Ok, vamos pro próximo passo! Não gosto de perder tempo. Desperdício é o que luto contra.
Hoje eu ri lembrando de ontem. E de toda aquela sensação de voltar sozinha de madrugada. Impressionada que consegui acordar às 7h pra ir pra escola. Não sei de onde saiu toda essa energia. Mas eu acordei pilhada. Ligada no 220V.
Mais prática pra prova. Mais conversação. E no meio, as risadas. Descobri que em Recife a galera fala “que ozzy”, que pra nós paulistas é a mesma coisa que “que osso”, mas não é uma boa ideia usar isso aqui hahahahaha. Já que aussie e ozzy se equivalem.
Celular dá sinal de vida. Meu pai, “Uns pra sempre, outros à distância. Queria ser um pássaro. Ser livre e poder voar. Assim tentaria estar perto de vocês”. Ai que vontade de me teletransportar só pra abraçar esse homem.
Voltando pra casa pra descansar um pouco antes de seguir pra Flinders. Vim rindo. Mandei mensagem pro meu amigo perguntando se ele estava bem depois do tombo. Sabe aquele tipo de cena que só de lembrar, você começa a rir sozinho? Hahahahahah. Exato. Aconteceu que eu comecei a ter uma crise de riso. Atravessei a rua, entrei no elevador, cheio de gente. Rindo sem parar, deviam ter me achado idiota. Mas não se desperdiça o riso e nem se cala. Tentei hahaha, mas não consegui. O fato foi que eu abri a porta. Bexigas por todo lado. “Será que é aniversário de algum flatmate e eu esqueci? Que meleca! To tirando os sapatos pra entrar, “trocaram o armário pra deixar os calçados?”. SOS, ENTREI NA CASA ERRADA! Coloquei meu tênis e sai correndo antes que alguém me visse. Essa mania do povo deixar as portas abertas… Que ozzy! Hahahahaha. Que vergonha! Ri mais ainda! Pronto, cheguei sã e salva na casa certa. Despertador toca! Pés no chão. Corri pra próxima parada. Sexta. Dia de juntar toda a galera linda no trabalho.
Prato cheio de risadas e bom humor. Restaurante lotado. Os amigos ao lado. Quando acabei, meu avozinho me chama. “Fiz algo pra você, não vá embora!”. Prato cheio de amor. Janta especial feita pelo jiddo. Depois ficamos lá fora conversando sobre o tempo, os planos, o verão que logo chega. Me contou um pouco sobre os amores dele. Eu sou apaixonada por esse tipo de conversa. Ele e sua taça de vinho, filosofando sobre as coisas que devem acontecer. Maktub. Abriu as portas de casa pra mim, me disse “família está contigo, se precisar de qualquer coisa, lembre-se de mim!”. Eu não sei o que ando fazendo, mas graças a Deus ando atraindo pessoas tão boas que veem em mim um brilho que não enxergo. Agradeço. E abraço com sorriso sincero. E vou amando passo a passo.
Volta e meia, um passo pra trás e dois pra frente. Recua e retoma. Dá a volta por cima.
Sem passar despercebida. Não tenho mais vergonha. Cumprimento até o pôr do sol que se vai, lhe encho de beijos e amores pra carregar em sua viagem até meu Brasil. Brilha! E eu posso dizer pelo jeito que andam as coisas, só coisa boa tem a trilhar. Tem muito ainda pra encontrar. Estarei pronta pra acenar. Estou! Próximo passo?
