Trilha sonora: Never Mind – Milky Chance.
Eu gosto de tudo o que dá abertura pra ser enquanto acontece. Apaixonada pela espontaneidade do agora. Do falar o que pensa porque o relógio diz que é hora. Levantar cedo porque deu vontade. Ou tarde, porque gosta da demora. Fazer o que quiser porque respeita os próprios anseios. Gosto dos textos não terminados e cheios de espaços para alterações, aqueles escritos à lápis, e quando terminados, ainda que sigam o ciclo, te dão oportunidades de serem reescritos e escreve de novo com todas as vírgulas, reticências e letras maiúsculas forem precisas. Eu preciso de espaço. Gosto de quadros em branco, mas amo também aquele todo colorido e rabiscado. Que sem dizer nada, diz mundo! Simplesmente me encanta as fotografias. De tão singelas em seus ângulos, filtros, foco e desfoco, o brilho, os contrastes, tão complexo em sua leitura entrelinhas. Quem fotografou? O que pensou? Sorria? Algo o fez clicar. Foram as cores? As posições? As situações? A conversa subliminar? A releitura? A escrita? A poesia da rotina? Do viver com esse ponto de vista? É tão íntimo! Tão bonito! Captura o agora! E no mesmo instante tudo muda, mas tá registrado, data, local, timing, olhar, sente? Assisto tudo como se estivesse filmando o próximo vencedor do Oscar. E desfila pelo tapete vermelho sem vestido de grife, mas com um chinelo havaianas e um vestidinho branco com biquíni por baixo. Quero onda. E tirar uma também. Chegar na crista desse mar de risos. Cair no chão depois de um dia cheio de verde, azul e tantas flores. Olhar pra cima e ver a imensidão me encarando. Um dia eu alcanço o meu lugar!
E daqui onde estou eu sinto saudade. Aquela de um tempo que já foi, do que está seguindo a trilha sonora e o que está pra chegar no próximo trem.
Desci na Windsor. Encontrei meu avô, meus amigos de trabalho, os indianos, o brasileiro e o britânico. E o restaurante italiano hahahaha. Adoro as sextas feiras que juntam todo o staff pra trabalhar junto. É sempre diversão. Dia cheio de risos, as criancinhas que ficavam brincando de se esconder e riam com aquela risada contagiante quando eu as achava. O pai com a filha num diálogo de amigos, um chamando o outro de “mate” hahahahaha. O convite pra tomar algo depois do trabalho e os bilhetinhos hahahahaha. Cada dia é uma surpresa. As amizades. O trabalho. Os brindes. Cheers. Terminar, sair com donuts e pizza hahahaha. Encontrar o amigo no trem e ter companhia até a Flinders. O cara lá de cima nunca me deixa só. Obrigada! Cheguei em casa, companhia italiana! Um papo saudável com a flatmate antes de ir dormir.
Ah, quase ia esquecendo. Entre tanto querer, hoje um professor vestia uma camiseta engraçada. Nela estava escrito algo como “Protect me from what I want”. Proteja? Assusta? Ou assista?
Liberdade assusta, confunde, abre portas e nos para, por onde ir?
Por isso tem gente que só trilha, gosta de rotina. É prático. Mas não tem adrenalina.
Eu gosto do difícil. Do caminho mais longo. Do mais caro. Do mais longe. Do desafio. Da dúvida. Da confusão e da bagunça. Me chama. Quero participar. Me confunda. E vou até onde alcançar pra buscar entender. Se não conseguir, pego uma escada, se não resolver, dou a volta ao mundo só pra achar o ponto e ângulo adequado. Mas eu acho. E a dúvida muda. O caminho também. As portas se multiplicam. A curiosidade na mesma proporção. E eu vou. Fazendo meu caminho. Sendo livre. E livre eu vou. Me deixando ser indecisão, e a decisão vem junto!


