Trilha sonora: Ur So Beautiful – Grace VanderWaal
Eu vou escrever sobre algo que não expresso com palavras.
Eu sempre fui uma criança comunicativa, apesar de sempre estar cercada de amigos e parecer muito extrovertida quando em meio deles, eu sempre guardei em mim uma pessoa introvertida e cheia de inseguranças. Que eu mascarava com roupas, cabelos coloridos e algumas brincadeiras.
A verdade é que eu tinha algo dentro de mim que eu não conseguia colocar pra fora. Medo, vergonha, insegurança… Me faltavam pra isso palavras, um tanto de coragem e aceitar antes quem eu realmente era.
Eu me emociono hoje em conseguir botar isso tudo pra fora e transbordar quem sou.
Quando eu percebi que faltava algo, que eu precisava tirar um pouco desse tanto que em mim mora e que apenas palavras não eram o bastante, eu encontrei a dança.
Quando digo encontrei, é na verdade aquele mergulho de cabeça que arrepia o corpo inteiro.
A dança sempre foi pra mim sinônimo de alegria. Você dança quando vai em uma festa, você dança quando conquista algo e está tão feliz que pula e faz as dancinhas da vitória. Você dança com teu par num momento mais íntimo. Dança pra fazer graça.
Mas eu nunca tinha enxergado a dança de uma forma mais singela.
Foi quando eu mais precisava e não me sentia tão bem que vi que ela era muito mais além.
Comecei a fazer aula de jazz.
E eu ansiosa que sou, nunca consegui me concentrar em apenas uma coisa por vez, me espantei logo com a primeira aula.
A professora ligou o som. Eu em minhas sapatilhas sem entender muito bem, comecei a imitar os passos que ela ensinava.
E sem perceber na hora, aquilo era a resposta.
Eu não pensava em mais nada. Eu estava vivendo o agora. E só queria melhorar e ser minha melhor versão ali. Nada ressoava em minha cabeça. Eu me joguei na dança e em suas tantas vertentes.
Cada vez mais. Se tornou minha válvula de escape. Aprendi a me transbordar na vida, aprendi a amar meus erros, as minhas imperfeições. E mesmo que eu errasse a sequência em cima do palco, com todos os holofotes ligados pra mim, mesmo que aquilo me entristecesse porque eu realmente passei e me dediquei um tempo importante pra aquele momento, está tudo bem. Mesmo que meu cabelo já não estivesse em perfeito estado, ou a minha meia calça rasgasse ou alguma coisa em mim que não gosto ficasse completamente descarado ao público que ali me encarava. Eu dei meu melhor e aprendi! Sigo na busca pela minha melhor versão. O espetáculo não pode parar. Ainda escutei aplausos. Mas mais que isso, eu senti o arrepio, a vida passando e me acompanhando. Cem por cento presente. E eu estava amando aquele momento. Viva. Intensa. Colorida. E como na vida, aprendi que o mais importante, não é apenas chegar lá na hora final, e performar. É sobre se jogar e se divertir. É sobre todo o caminho, todos os ensaios. É sobre estar lá e sentir. Nua e crua. De corpo e alma. A vivacidade de ser a própria poesia. E ver a arte nascer de nós.
Dançar é isso.
É transbordar quando já não se tem mais palavras.
É sobre sentir e demonstrar.
Sentir.
E só.
E como a dança me trouxe trocas incríveis, encontros que me fizeram crescer como pessoa. É muito mais que 5,6,7,8! É sobre aprender a escutar, perceber as batidas e transferi-las pro nosso corpo. Traduzir a emoção do som num mix de sentimentos que só você vai reproduzir. Colocando sua personalidade e história em cada passo. E passo pra cá, passo pra lá, a gente faz da vida uma eterna festa, que nem sempre vai ser feliz, mas será sempre emocionante.
Um agradecimento especial a Lana Mello e ao Studio de Dança Lana Mello por me ensinar tanto e me mostrar que somos muito mais do que parecemos ser e que dançar é sobre ser e fazer dos nossos sentimentos, a própria arte.
