Se for sonho, não me acorde!

Trilha sonora: Gold – Chet Faker. 
O alarme toca. Me desperta. Mas não acorda. Me espreguiço. Viro pro outro lado. Tá tão quentinho aqui. Mais cinco minutinhos. Aquela preguiça gostosa. O sonho tava tão bom! Você tenta se concentrar nele de novo pra ver se consegue dar continuidade. O alarme tinha que tocar bem naquela hora, justo naquele segundo do sonho. Calma, não se distraia. Foque! Deixa a imaginação dar uma mãozinha. Os olhos pesados de sono. O corpo se espreguiça. Mais cinco minutinhos? Olha o relógio, já se passou meia hora! Olha pela janela e a luz invade o quarto. Quanto ao sonho, aguarde os próximos episódios. Ou então… Acorde! Abra bem os olhos e continue. Tá na hora! Vai corre! Vai perder a aula desse jeito! Acelere o passo! Ah, mais cinco minutinhos! Desacelera, segue teu ritmo! A cada piscar de olhos, um sonho novo! Não me acorde! Não preciso de despertador. Preciso desses minutinhos. Intensifica. Aumenta. Grita. Tá sufocando. Desfaça o nó. Enlace. Só nós. E que laço! 
Entre tantos sonhos, os intervalos entre os cinco minutos. Que dia engraçado. Não me acorde! Eu juro que aconteceu! Entrei na aula com vinte minutos pra acabar! Eu nunca fiz isso antes, sério! Ahahhaha. E teve motivo! Entrei com o amigo Welcome pra entregar os docinhos árabes que ele trouxe pra galera da sala em comemoração ao Happy Eid. E repete! Que surpresa boa! Depois, a graduação de uma amiga que vai fazer falta! Estudei um pouco e logo fui com ela num dos meus lugares prediletos daqui, lógico, envolve gordice! Hahahaha fomos no Waffee, cinco minutos só não, por favor! Fico ali o dia inteiro se pudesse hahahaha.  Fechamos com chave de ouro. Se despedir é tão estranho! Nunca parece que você tá dando tchau. E aquela última cena de adeus clichê fica na cabeça… Te vejo no Brasil! Toda felicidade do mundo pra ti! 🙂
O dia estava só começando. Cheguei no lugar que trabalho. Último dia de uma amiga espanhola que trabalha comigo. O chefe chama tomo mundo pra brindar. O meu vovô chama a galera pra parte de fora pra conversar. Uma dosagem de bom papo, com boa companhia em meio ao trabalho. Parece sonho! O restaurante não tão cheio, mandaram trazer sobremesa de nutella com sorvete. As fotos com todo o staff, família! Que delícia estar nesse time de gente amiga e que se importa. Mais uma. Cheers. Ela é outra amiga, que em pouco tempo se fez especial! O meu avô disse que deveríamos ser irmãs pelo nosso jeito e carisma parecida! Vou sentir saudade das cantorias e do sotaque, da companhia e risadas! “Se cuida, e cuida desse coração grandão!”. Esse vai e vem de gente que encanta. Até algum dia, se Deus quiser!
Sabe, hoje antes de eu ir pro trabalho, eu estava esperando o trem pra Windsor, um senhor homeless se sentou ao meu lado! Todos o ignoravam. Mas senti que ele tinha o que falar. Ele puxou assunto. Me contou que era alemão e veio pra Austrália pelas belas mulheres, que deixou a esposa porque uma não bastava. E hoje é sozinho. “Você deveria ser enfermeira, você tem um sorriso que cura!”, fiquei sem saber o que falar e me perguntou de onde era, depois de tecer comentários amados e curiosos sobre o Brasil, me pediu: “Você é tão nova! Viva muito, mas volte pra lá! Você tem uma família e amores! Não desperdice”. O pedido veio carregado, era por mim e por ele que não o fez quando mais novo. Peguei o trem. E na conversa com o vovô entre uma explicação sobre o sotaque australiano que vem lá do começo da história de quando os ingleses vinham pra cá, já que Austrália é essa ilha e não teria como sair, mandavam os marginais e isso que hoje é um dos melhores países pra se morar era usado como cadeia. Os presos pra se comunicar sem serem percebidos falavam meio que pra dentro e juntando as palavras, um som mais nasal. Bem, foi o que ele me disse! Hahahah. A história faz sentido, mas logo o foco foi para crenças. E foi longe. Amo esses temas que criam outros e a gente perde a noção do tempo. Mais cinco minutinhos, por favor. Até que ele falou uma coisa que me distraiu: quando você se autoconhece, você descobre a felicidade. Autoconhecimento. Meu tema de pesquisa. Meu objetivo. Felicidade não é destino. É trilha sonora, e deixe no replay, aumente! Ligue todas as caixas de som! Levante e dança. 
Me encontrei com uns amigos, passamos no “Macca’s” jeitinho aussie do Mc Donalds! Hahahaha. E a noite começa. 
Sai do trabalho animada, feliz e amada! Leve! Livre! Solta! Acordada! Ainda que nos 5 minutinhos! Desperta! Enlaça! Acorda! Tá acontecendo! Não é a imaginação dando continuação. São os pés seguindo o instinto. Estar no lugar certo, na hora certa com as pessoas certas. Maktub. Escreva! Agradecer a cada detalhe. Até a voz e a mensagem, o dia escuro e frio, o carinho, o dia em cada passo! As palavras alheias tão nossas. Fazer de si o agora! Se jogar sem medo de cair! Se é pra brincar de viver, tô pronta! Levantei! 

Por Amanda badrie

Profissional de marketing e comunicação, movida por transformar ideias em movimento e conexões reais. Criadora do C+, Na Dosagem Mais Coragem, para ser um espaço para quem acredita que viver é um ato de coragem.

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