Levantar voo é o novo dada a largada. Mais que conhecer meus limites, eu sabia que aqui eu iria esticá-los. Ser pai e mãe de si mesmo. Assim como tudo, têm os dois lados da moeda! Mas o que eu mais estranho por aqui ainda é que quando acontece algo, antes eu correria para determinadas pessoas e já contava, desabafava ou explodia de alegria, o fuso te impede de recorrer ao ponto de conforto. Mas hoje dei uma rasteira nele. Como o amigo gringo já aprendeu “chupa essa manga!” (falar de gringo é estranho quando você passa a ser um deles Hahahah).
Comecei o dia com uma notícia bombástica do meu irmão que me deixou com ciúmes e bolada porque não me conta mais nada, CRETINO! ~espero do fundo do coração que tu leia isso~ Hahahahha. E com a saudade dando alô pelo FaceTime, bom demais falar cazamiga. Hahahha Eu na segunda feira de manhã na escola num baita frio, e elas na piscina num feriadão… É a vida! Esse fuso é muito bizarro! Mas, é isso! Um salve do futuro +13h hahahaha.
Entre bom dias enquanto ainda é noite e vice-versa e dizer ambos sem ter ido dormir ainda, a gente vai se adaptando e certos questionamentos aparecerem. Aquela história de mudar as perguntas…
Nunca passou pela minha cabeça que de fato um dia eu iria morar em um lugar tão longe, deixar minha facu no terceiro ano e me jogar no completo desconhecido. Não que não tenha passado, passou! Mas, sei lá. Acho que foi por isso que demorou pra cair a ficha. Nem sei dizer se ela caiu, aliás! Hahahha. O fato é que sempre estudei na mesma escola e todos os cursos que cheguei a fazer, sempre tinha alguém conhecido comigo, inclusive na faculdade, dei a sorte de ter por perto minha amiga de infância! Temperaturas baixas (5 graus, SOS). Língua diferente. Nova cultura e gente de culturas diferentes. Saber lidar com tudo isso requer jogo de cintura. Muita informação. Tem hora que assusta. Hahahaha. Nada como um passo pós o outro. Mais uma experiência pra contar, hoje passei o dia como waitress em uma cafeteria bar. Fazer os pedidos, ser caixa e conversar com gente que tem o inglês como língua nativa e aquele sotaque enrolado. VAMO AI! Hahahahah. Frio na barriga a cada hora que alguém entrava ali. E ao mesmo tempo fui ganhando maior confiança, quando fui ver já estava conversando com a galera. Não existe vergonha nessas horas, não pode existir. Hahahahah. Pra descontrair, uma hora um cliente me chamou, sai correndo pra atendê-lo achando que iria fazer algum pedido e ele aponta pro celular e pergunta “essa é você?”, antes de ver a foto já fiquei naquela “o que esse cara tá falando???”, e me mostra a foto da Jennifer Connely. CARA, NÃO CONCORDO, MAS OBRIGADA! MESMO! NÃO É TODO DIA QUE ME ACHAM PARECIDA COM UMA MODELO/ATRIZ, DIA VALEU POR ESSA! Hahahahahaha. Em resumo, uma coisa que eu nunca tinha feito e me assustava, mas que no final foi até divertido. OBRIGADA DE NOVO, MOÇO! (Cara pediu até pra tirar foto comigo, pqp, Im famous, honey!). Melhor eram os outros funcionários da cafeteria concordando… Se você discorda, não comente, fiquei muito feliz com a comparação! Hahahaha. Melhor, concorda ai só pra dar aquela levantada de ego! Obrigada, de nada! Todo mundo muito amigável e é isso que aos poucos vai nos deixando “em casa”. Agora entendi aquele cartaz na rua “real australians say welcome”. Ai Melbourne, tu me encanta!
Ahhhh, antes de ir pra essa minha experiência de waitress na Flindres, fiquei andando pela Federation Square e descobri que vai rolar uma exibição bem legal e diferente de David Bowie no The Australian Centre For The Moving Image! E em breve tem show do Alt J! Segura coração! Voltando pra casa, o cenário da Southbank nunca me cansa, aquelas luzes e John Mayer na cabeça… Keep me where the light is…
Ainda antes de dormir li um texto muito legal que fala um pouco dessa experiência de viver em outro país… Cada qual com seu jeito, mas acho que define grande parte do que todos passam…
“Não é fácil criar coragem e desfazer as amarras. É fácil fazer as malas, comprar uma passagem e seguir o seu destino rumo a um outro país. Difícil é aceitar a nova realidade durante esse tempo, aceitar o fato de que você não pertence ao local em que viveu a maior parte da sua vida.
Porque ao partir é preciso estar preparado para se reconstruir, para aceitar que é chegado o “agora ou nunca”, a hora de se encontrar, se conhecer e definir quem você quer ser mesmo já sendo bem crescido. É preciso ter coragem para se desfazer das frescuras, de alguns hábitos, criar asas fortes que te ajudem a dar um dos voos mais importantes da sua vida. É preciso se desfazer de preconceitos e aprender de uma vez por todas o significado do respeito.” (http://moquecacanadense.com/2015/03/27/quando-voltar-ja-nao-faz-parte-dos-planos/)
Nessas horas a um mês atrás, eu já estava no avião e não fazia a menor ideia do que Melbourne me reservava… Na verdade, estou descobrindo ainda.
Mas para tudo o que ela ainda reserva, em português eu digo: seja bem vindo!
Motivo da alegria de hoje, lhes apresento: eu, vulgo Jennifer Connely Hahahahah.