Trilha sonora: Mountain To Move – Nick Mulvey
Tem coisa que de tão simples, soa redundante. E se falado em voz alta, parece até um pouco ridículo. Cara, é tão óbvio! Deixa nas entrelinhas.
Mas vai por mim. Por mais transparente que seja, tem coisa que sim, precisa ser dita.
Narrada.
Em voz alta e cheia de entonação. Pra que não gere dúvidas.
Existe uma fina linha que separa a sutiz beleza daquilo que não deve ser explicado e o que deve de modo singelo ser descrito.
Eu amo como um bom filme trabalha isso de um jeito que arrepia.
E se você bem reparar, essa é a tal arte da vida.
Quantas oportunidades não se deram porque as entrelinhas estavam ali mas deixadas no mute? Quantas outras narradas em voz alta perderam o tom, porque de tão repetidas já não se via ou sentia o que deviam levar na entonação…
Você também se pergunta o que o narrador da sua história fala enquanto você vive?
Do tipo quando você está lá toda encantada com o cara que acabou de conhecer e o narrador entra em cena achando graça, porque você mal saberia que na verdade ia acabar se apaixonando pelo vizinho dele?
Será que nossa história tem narrador? O que ele diria agora? Ou seria do tipo de filme que se constrói por si só? Fato é que amo um bom enredo daqueles que não seguem uma cronologia exata, mas de tão bem trabalhada, fala e deixa-se subtendido. Conectando o tempo passado de forma tão precisa e imediata. Que parece fazer sentido. Agora. De forma tão delicada que se faz presente e a sinto. Muito.
Assim como escrever se faz escrevendo.
Ao passo que eu me movimento pra que ele aconteça.
Viver é urgente.
É como chegar em um lugar lotado e escutar alguém te chamando pelo nome, e respirar aliviado, cheguei em casa.
Gestos simples falam. Eu sou apaixonada por quem faz questão de deixar claro. De forma bonita que parece até arte.
Gente que fala com emoção emociona.
Me apaixono pelo jeito que as pessoas defendem aquilo que amam.
E eu amo histórias.
Com ou sem narrador.
E a nossa está acontecendo.
Fora e entrelinhas.
Sempre com uma trilha sonora.
A gente tira os sapatos e dança até a música acabar.
Então colocamos outra pra tocar.
Tão simples como é.
