Trilha sonora: Settle Down – Ziggy Alberts
Ah. E relaxa. Os músculos param de se contrair. Fecho os olhos por um momento. Intensidade. A música ressoa. Na mesma frequência sinto meu pulsar. Sintonia. Sei nem descrever o que foi esse dia. Uma mistura de agonia, entusiasmo, curiosidade, fome pelo agora, e por comida também. Caramba, estava tão frio hoje cedo. E quando digo cedo, digo madrugada. Fazia tempo que não acordava assim, caindo da cama. Sete horas eu já estava no batente. De jejum. De comida. E preocupações. Até que. Aguardando já impaciente. Odeio esperar. Ansiedade me consome. Quero pra já. Eu sei, estou aprendendo a aguardar. Aquele papo de quem espera sempre alcança, blá. Eu não gosto disso. Gosto de fazer minha hora. E se der vontade, me demoro. Mas não. Não me faça esperar. Aprecio o timing, pontualidade é peça chave. Se quiser, venha já. Depois sei lá. O tempo esfria e as vezes afasta. Então vem pra perto e aquece. Meus pés e mãos hoje cedo pareciam pedra de gelo. Depois do teste de fogo no trabalho, respirei aliviada com 2 kg a menos. Já sem agasalho. Tem momento que esquenta. Deu tudo certo. Fui correndo de braços abertos pra novidade da minha rotina. Novos inícios. Incentivos. Que seja bem vindo. Tão bom estar cercada de vida. Digo, da rua, das pessoas, da música, das palavras, e das palavras já adultas, as atitudes transcritas. Tudo ponto de vista, eu leio o que vejo. É tudo poesia. Se põe. Me faz calmaria. Viva os poetas que ainda acreditam na beleza do caos. E neste fragmento do tempo, voa. E segura. Pra degustar a todo preço. O sabor singular. Do amontoado que deixa sem palavras. É que sei lá. Não sei descrever. É tanto que… Reticências. Suspiros. Risos tímidos, confusos. Olhares demorados. Eu sei que no fundo você me entende. Faz assim. Se demora também. Senta aqui, vem. Fecha os olhos. Escuta essa música comigo. E não diga nada. Só. Nós. Laço. No embaraço. No abraço. E deixa sentir o pulsar. E deixa a sintonia nos fazer companhia. E descrever no silêncio o que nossas palavras não conseguem dizer. E te digo, você é paz. Ao tempo. A espera. Ao agora. A nós. No fim. Sempre. Da certo. E a gente fica aqui ligando os pontos. Sem bem entender o sentido. Direita. Esquerda. Política. Direção. Desentorta. Cruza a linha de chegada. Sem fazer sentido. Mas gosto da prosa. Que releio. Em teu seio. Me pego distraida ligando as pintinhas que te cobrem. E neste anseio de novas perspectivas. Estreladas. Me deito. Num mirabolante rodeio teórico do agora, eu esqueço. E pego no sono. É o sentido em sintonia. O meu e o seu. E ah. Relaxo. Os músculos. O peito. Confio. Entregue. Me dou por inteiro a calma, ao sossego dos sustenidos que ecoam minha caixinha de som. Tão bom estar cercada de vida. E mais uma vez tenho dito. É tudo poesia.